22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

F. Na lógica medieval, os silogismos cujos<br />

nomes mnemônicos começam com essa letra<br />

são redutíveis ao quarto modo da primeira figura<br />

(cf. PEDRO HISPANO, Summ. log., 4. 20).<br />

FABRICAÇÃO (fr. Fabricatiori). A ativida<strong>de</strong><br />

própria da inteligência, segundo Bergson. Essa<br />

é, com efeito, "a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricar objetos<br />

artificiais, especialmente utensílios para fazer<br />

outros utensílios, e <strong>de</strong> variar in<strong>de</strong>finidamente<br />

sua F.". Desse ponto <strong>de</strong> vista, a verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>finição<br />

do homem não é Homo sapiens, mas<br />

HomofaberiÉvol. créatr, 11 a ed., 1911, P- 151;<br />

Lapensée et le mouvant, 3 a ed., 1934, p. 97).<br />

FÁBULA (lat. Fábula- in. Fable, fr. Fable, ai.<br />

Fabel; it. Favolá). A partir do Renascimento, a<br />

convicção <strong>de</strong> que as "F. antigas" tinham valor <strong>de</strong><br />

sintoma ou revelação indireta da verda<strong>de</strong> levou a<br />

reinterpretar os mitos antigos, emprestando-lhes<br />

por vezes (como se vê nas obras <strong>de</strong> Bruno) significados<br />

filosóficos. Quanto ao valor das F., Bacon<br />

e Viço representam atitu<strong>de</strong>s fundamentais. Bacon<br />

achava que as F. estão entre o silêncio e o esquecimento<br />

das ida<strong>de</strong>s perdidas e a memória e<br />

a evidência das ida<strong>de</strong>s mais próximas, <strong>de</strong> que<br />

possuímos documentos escritos. "As F.", escreveu<br />

ele, "não são produto das suas épocas nem<br />

fruto da invenção poética, mas uma espécie <strong>de</strong><br />

relíquia sagrada e tênue aura <strong>de</strong> tempos melhores,<br />

que da tradição das nações mais antigas chegaram<br />

até as trompas e as flautas dos gregos" {De<br />

sapientia veterum, 1609, Pref.). Portanto, Bacon<br />

propendia a entrever nas F. um significado alegórico<br />

intencional. Essa tese é negada e combatida,<br />

um século <strong>de</strong>pois, por Viço, para quem as F. são<br />

tais só do ponto <strong>de</strong> vista dos doutos, ao passo<br />

que para os povos primitivos que as criaram<br />

eram narrações verda<strong>de</strong>iras. "Os filósofos", diz<br />

Viço, "atribuíram às F. interpretações físicas,<br />

morais, metafísicas ou <strong>de</strong> outras ciências, segundo<br />

lhes animassem a fantasia o ouro, os<br />

F<br />

compromissos ou o capricho; assim, com o<br />

auxílio das suas alegorias eruditas supuseramnas<br />

como fábulas. Mas os primeiros autores<br />

<strong>de</strong>ssas F. não enten<strong>de</strong>ram tais sentidos doutos,<br />

nem, pela sua natureza rústica e ignorante,<br />

podiam entendê-los: antes, por essa mesma<br />

natureza, conceberam as F. como narrações<br />

verda<strong>de</strong>iras... das suas coisas divinas e humanas"<br />

(5c. nuova, II, Delia metafísica poética).<br />

Essa idéia <strong>de</strong> VIÇO ficou como fundamento da<br />

mo<strong>de</strong>rna <strong>filosofia</strong> das formas simbólicas (v. MITO).<br />

FABULAÇÃO (fr. Fabulatiorí). Bergson <strong>de</strong>signou<br />

<strong>de</strong>sse modo a faculda<strong>de</strong> ou o ato criador<br />

<strong>de</strong> ficções ou superstições, em que consiste<br />

essencialmente a religião estática, que,<br />

mediante ficções mais ou menos consoladoras,<br />

procura <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a vida contra o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sagregador<br />

da inteligência (Deux sources, cap. II).<br />

FACTICIDADE (in. Facticity, fr. Facticité,<br />

ai. Faktizitãt; it. Effettivita). Segundo Hei<strong>de</strong>gger,<br />

o que caracteriza a existência como lançada<br />

no mundo, ou seja, à mercê dos fatos, ou<br />

no nível dos fatos e entregue ao <strong>de</strong>terminismo<br />

dos fatos. O "fato", que é simplesmente a presença<br />

das coisas utilizáveis, é objeto <strong>de</strong> "constatação<br />

intuitiva". A F. da existência, ao contrário,<br />

só é acessível através da "compreensão<br />

emotiva" (Seín undZeit, § 29). Nesse sentido,<br />

a F. é um modo <strong>de</strong> ser próprio do homem e<br />

diferente da factualida<strong>de</strong> (v.), que é o modo<br />

<strong>de</strong> ser das coisas. De modo análogo, Sartre<br />

<strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong> F. ao fato da liberda<strong>de</strong>, ou seja,<br />

ao fato <strong>de</strong> que a liberda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> não ser<br />

livre e não po<strong>de</strong> não existir: nesse caso, liberda<strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntifica-se com necessida<strong>de</strong> do fracasso<br />

(L'être et le néant, p. 567).<br />

FACTÍCIO (in. Factitious; fr. Factice, ai.<br />

Gemacht; it. Fattizió). Termo que se emprega<br />

quase exclusivamente com referência à classificação<br />

cartesiana das idéias em inatas, adventí-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!