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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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FALSEABILIDADE 427 FANATISMO<br />

da sua pesquisa e, portanto, procura melhorar<br />

os seus instrumentos <strong>de</strong> investigação e <strong>de</strong> verificação<br />

(CM. Pap., 1.13; 1.141-52). Dewey ressaltou<br />

a importância <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong> (Logic, cap.<br />

II; trad. it., p. 79). Esse termo agora é empregado<br />

com freqüência por escritores americanos.<br />

FALSEABILIDADE (in. Falsiflability, fr. Falsificabilité,<br />

ai. Fülschungsmóglichkeit; it. Falsificabilitã).<br />

É o critério sugerido por Karl Popper<br />

para acolher as generalizações empíricas. O<br />

método empírico, segundo Popper, é o que<br />

"exclui os modos logicamente admissíveis <strong>de</strong><br />

fugir à falseação". Desse ponto <strong>de</strong> vista, as<br />

asserções empíricas só po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>cididas em<br />

um sentido, o da falseação, e só po<strong>de</strong>m ser<br />

verificadas por tentativas sistemáticas <strong>de</strong> colhêlas<br />

em erro. Desse modo <strong>de</strong>saparece todo o<br />

problema da indução e da valida<strong>de</strong> das leis naturais<br />

(Logic ofScientific Discovery, § 6). Cf. EX-<br />

PERIÊNCIA; VERIFICAÇÃO).<br />

FALSO (gr. vj/e\)ôlíÇ; lat. Falsum; in. False,<br />

fr. Faux, ai. Falsch; it. Falso). V. FALIBILISMO;<br />

VERDADE.<br />

FAMHIA (in. Family, fr. Famille, ai. Famílie,<br />

it. Famiglia) Aqui só nos interessa registrar<br />

o uso lógico e metodológico <strong>de</strong>sse conceito,<br />

que é recentíssimo. Uma "F. <strong>de</strong> conceitos" é um<br />

conjunto <strong>de</strong> conceitos entre os quais se estabelecem<br />

relações diversas que não sejam redutíveis<br />

a um só conceito ou princípio. É precisamente<br />

o que ocorre entre os membros <strong>de</strong> uma<br />

F. humana, os quais nem sempre têm uma única<br />

proprieda<strong>de</strong> comum, e, mesmo quando têm,<br />

ela não resume nem esgota toda a semelhança<br />

familiar. O uso <strong>de</strong>ssa noção implica, portanto,<br />

o esforço <strong>de</strong> procurar sempre novas relações<br />

entre os conceitos, sem que seja necessário<br />

reduzir essas relações a um só tipo. O primeiro<br />

a propor e a empregar essa noção foi WITTGEN-<br />

STEIN (PhilosophicalLnvestigations, § 110). Essa<br />

obra foi publicada em 1953, mas alguns anos<br />

antes seus conceitos fundamentais já eram conhecidos;<br />

o conceito <strong>de</strong> F. foi utilizado por<br />

Weismann em Introdução ao pensamento matemático<br />

(Einführung in das mathematische<br />

Denken, 1936; trad. it., 1939). Cf. sobre o mesmo<br />

conceito: ABBAGNANO, Possibilita e liberta,<br />

1956, passim.<br />

FANATISMO (in. Fanaticism, fr. Fanatisme,<br />

ai. Fanatismus; it. Fanatismo). Esta palavra<br />

(àefanum = templo) foi empregada a partir do<br />

séc. XVIII com o mesmo valor <strong>de</strong> entusiasmo<br />

(v.) para indicar o estado <strong>de</strong> exaltação <strong>de</strong> quem<br />

se crê possuído por Deus e, portanto, imune ao<br />

erro e ao mal. No uso mo<strong>de</strong>rno e contemporâneo,<br />

"F." acabou prevalecendo sobre "entusiasmo"<br />

para indicar a certeza <strong>de</strong> quem fala em<br />

nome <strong>de</strong> um princípio absoluto e, portanto,<br />

preten<strong>de</strong> que suas palavras também sejam absolutas.<br />

Já Shaftesbury dizia: "E é esse [entusiasmo]<br />

que dá origem à <strong>de</strong>nominação F. no sentido<br />

inicial, usado pelos antigos, cie aparição que<br />

arrebata o espírito" (Letter on Enthusiasm, 7;<br />

trad. it., Garin, pp. 78-79). Na verda<strong>de</strong>, Cícero<br />

já fala <strong>de</strong> "filósofos supersticiosos e quase fanáticos"<br />

(De divin., 2, 57, 118). Leibniz chamava<br />

<strong>de</strong> fanática a <strong>filosofia</strong> que atribui todos os fenômenos<br />

a Deus "imediatamente, por milagre"<br />

(Nouv. ess., Avant-propos, Op., ed. Erdmann, p.<br />

204). Mas certamente a melhor <strong>de</strong>finição filosófica<br />

do F. foi dada por Kant. No sentido mais<br />

geral, F. "é uma transgressão, em nome <strong>de</strong> princípios,<br />

dos limites da razão humana". Há, além<br />

disso, o F. moral, que é "o ultrapassar dos limites<br />

que a razão pura e prática impõe à humanida<strong>de</strong>,<br />

que impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> atribuir o motivo <strong>de</strong>terminante<br />

e subjetivo das ações ditadas pelo <strong>de</strong>ver,<br />

ou seja, o móvel moral <strong>de</strong>las, em qualquer<br />

outra coisa que não seja a própria lei". O F.<br />

mo-ral consiste na pretensão <strong>de</strong> fazer o bem<br />

por inspiração, por entusiasmo, por um impulso<br />

benéfico da própria natureza, portanto<br />

em substituir a virtu<strong>de</strong>, que é "a intenção moral<br />

em luta", pela "pretensa santida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

quem acredita possuir perfeita pureza <strong>de</strong> intenções<br />

da vonta<strong>de</strong>" (Crít. R. Prática, I, 1, 3). O fanatismo,<br />

nesse sentido, sempre foi objeto <strong>de</strong> polêmica<br />

na obra <strong>de</strong> Kant, que i<strong>de</strong>ntificou e combateu<br />

suas principais manifestações no esforço <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminar os limites dos po<strong>de</strong>res humanos e<br />

a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses po<strong>de</strong>res nos seus limites. Num<br />

texto <strong>de</strong> 1786, O que significa orientar-se no<br />

pensar, Kant advertia contra a pretensão <strong>de</strong><br />

superar os limites da razão recorrendo a faculda<strong>de</strong>s<br />

ou po<strong>de</strong>res supostamente "superiores".<br />

Sua polêmica referia-se a Jacobi e a Men<strong>de</strong>lssohn,<br />

mas ele via a mesma pretensão no spinozismo,<br />

e, contra este e o fanatismo, reafirmava a exigência<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar com precisão os limites da<br />

razão. Essas observações <strong>de</strong> Kant, para quem<br />

as consi<strong>de</strong>re hoje, parecem uma crítica antecipada<br />

ao romantismo, que, nesse aspecto, foi<br />

o gran<strong>de</strong> retorno ao spinozismo. Todavia, o<br />

próprio Hegel falou <strong>de</strong> F., restringindo-o, porém,<br />

ao campo político e religioso. No campo<br />

político, "o F. quer uma coisa abstrata, não<br />

uma organização": seu exemplo é a Revolução<br />

Francesa (Fil. do dir., § 5, Zusatz). No campo

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