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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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HISTORIOGRAFIA 512 HOMEM<br />

não <strong>de</strong>termina, mas <strong>de</strong>corre. Não há dúvida <strong>de</strong><br />

que essas tentativas <strong>de</strong> limitação da escolha<br />

historiográfica, especialmente a marxista, chamaram<br />

a atenção para fatos que podiam ser ou<br />

que eram negligenciados, aguçando, por assim<br />

dizer, o olhar do historiador para caminhos menos<br />

trilhados. Em última análise, porém, e se<br />

assumidos como princípios absolutos para a<br />

limitação das escolhas, negariam a pluralida<strong>de</strong><br />

das escolhas, impediriam a sua retificação, e acabariam<br />

por falsear a história, ocultando esferas<br />

<strong>de</strong> fatos que não são os privilegiados por essa<br />

tendência.<br />

4 a O conhecimento histórico não visa à explicação<br />

causai, mas à explicação condicional.<br />

Embora não falte quem ainda insista no caráter<br />

causai da explicação histórica (cf., p. ex. HEM-<br />

PEL, em Readings in PhílosophicalAnalysis, ed.<br />

Feigl. e Sellars, 1949, pp. 459 ss.; GARDINER, op<br />

cit,, pp. 65 ss.), ten<strong>de</strong> a prevalecer entre os<br />

metodizadores da história a opinião <strong>de</strong> que as<br />

noções <strong>de</strong> causa e <strong>de</strong> lei têm pouca possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aplicação no domínio historiográfico<br />

(como também, aliás, no domínio da física).<br />

Nesse sentido, a obra citada <strong>de</strong> W. Dray é particularmente<br />

significativa (v. o verbete EXPLICA-<br />

ÇÃO). A preferência pela explicação condicional<br />

reduz a importância da oposição entre<br />

explicação e compreensão, que por certo tempo<br />

pareceu expressar a oposição entre ciências<br />

da natureza e ciências do espírito. De fato, tanto<br />

a explicação quanto a compreensão consistem<br />

na <strong>de</strong>terminação da possibilida<strong>de</strong> do objeto<br />

(v. COMPREENSÃO).<br />

5 S O conhecimento histórico visa à <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s retrospectivas. Esta é<br />

uma conseqüência da renúncia da H. ao esquema<br />

causai (que supõe a necessida<strong>de</strong> do<br />

objeto histórico) e do seu recurso ao esquema<br />

condicional. Este esquema consiste na <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s, ou melhor, <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s<br />

retrospectivas. Essa característica já<br />

foi atribuída ao conhecimento histórico por<br />

Max Weber: "A consi<strong>de</strong>ração do significado<br />

causai <strong>de</strong> um fato histórico começará com a seguinte<br />

pergunta: excluindo os acontecimentos<br />

do conjunto <strong>de</strong> fatores consi<strong>de</strong>rados condicionantes,<br />

ou mudando-os para <strong>de</strong>terminado sentido,<br />

e tomando como base regras gerais da experiência,<br />

seu curso teria podido tomar direção<br />

<strong>de</strong> algum modo diferente, nos aspectos <strong>de</strong>cisivos<br />

para o nosso interesse?" (Krítiscbe Studien<br />

auf <strong>de</strong>m Geliet <strong>de</strong>r kulturwissenschaftlichen<br />

Logik, 1906; trad. it. em II método <strong>de</strong>lle scienze<br />

storico-sociali, p. 223). Por certo, qualquer historiador<br />

julgaria sem sentido a tentativa feita<br />

por Renouvier, em Uchronie, <strong>de</strong> imaginar "o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da civilização européia tal<br />

com po<strong>de</strong>ria ter sido, mas não foi". Contudo,<br />

como diz R. Aron: "Todo historiador, para explicar<br />

o que foi, pergunta-se o que po<strong>de</strong>ria ter<br />

sido. A teoria limita-se dar forma lógica a essa<br />

prática espontânea do homem comum" (op.<br />

cit., p. 164; cf. MARROU, op. cit., p. 181). Por<br />

mais que os historiadores e os metodizadores<br />

da história continuem a falar <strong>de</strong> "causa", o sentido<br />

que dão a essa palavra nada tem que ver<br />

com seu significado tradicional: por isso, seria<br />

interessante que, à mudança conceituai já ocorrida,<br />

se seguisse a mudança terminológica (Cf.<br />

uma bibliografia selecionada sobre a metodologia<br />

historiográfica em Theory and Practice in<br />

Historical Study: a Report ofthe Committee on<br />

Historiography, 1942, e cf. sobre os autores tratados<br />

neste verbete: P. Rossi, Storia estoricismo<br />

nella <strong>filosofia</strong> contemporânea, 1960).<br />

HOLISMO (in. Holism; fr. Totalisme, ai. Holismys;<br />

it. Olismó). 1. Uma variante da doutrina<br />

da evolução emergente (v.), que consiste na<br />

inversão da hipótese mecanicista e em consi<strong>de</strong>rar<br />

que os fenômenos biológicos não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

dos fenômenos físico-químicos, mas<br />

o contrário. Esta hipótese nada mais é que uma<br />

forma mal disfarçada <strong>de</strong> vitalismo. Cf. J. C.<br />

SMLTS, Holism and Evolution, 1927; J. S. HAL-<br />

DANE, ThePhilosophicalBasis of Biology, 1931;<br />

DRIESCH, Zur Kritik <strong>de</strong>s Holismus, 1936.<br />

2. K. Popper <strong>de</strong>nominou H. a tendência dos<br />

historicistas em sustentar que o organismo social,<br />

assim como o biológico, é algo mais que a<br />

simples soma dos seus membros e é também<br />

algo mais que a simples soma das relações<br />

existentes entre os membros (The Poverty of<br />

Historicism, 1944, § 7).<br />

HOLOMERIANOS (in. Holomerians- ai. Holomerianer,<br />

it. Olomeriani). Henri Moore <strong>de</strong>nominou<br />

assim os que acreditam que a alma resi<strong>de</strong><br />

na totalida<strong>de</strong> do corpo, e não em parte<br />

<strong>de</strong>le. (Enchiridion metaphysicum, I, 27, 1).<br />

HOMEM (gr. âv0pco7COÇ; lat. Honra, in. Man;<br />

fr. Homme, ai. Mench; it. Uomó). As <strong>de</strong>finições<br />

<strong>de</strong> H. po<strong>de</strong>m ser agrupadas sob os seguintes títulos:<br />

l s <strong>de</strong>finições que se valem do confronto<br />

entre o H. e Deus; 2 2 <strong>de</strong>finições que expressam<br />

uma característica ou uma capacida<strong>de</strong> própria<br />

do H.; 3 a <strong>de</strong>finições que expressam a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> autoprojetar-se como própria do H.

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