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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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PERCEPÇÃO PERCEPÇÃO<br />

a) Ao primeiro grupo <strong>de</strong> teorias pertence,<br />

em primeiro lugar, a psicologia da forma (Gestalttheorie),<br />

que é substancialmente uma teoria<br />

da percepção. O gestaltismo inicia-se com a<br />

obra <strong>de</strong> Max Wertheimer sobre a P. do movimento<br />

(1912) e tem como outros expoentes<br />

Wolfgang Kohler (GestaltPsycbcology, 1929) e<br />

Kurt Koffka (Beitrãge Zur Psychologie <strong>de</strong>r<br />

Gestalt, 1919). Seu objetivo é opor-se aos pressupostos<br />

2" e 3 y da concepção tradicional <strong>de</strong><br />

percepção. Mostrou, em primeiro lugar, que<br />

não existem (a não ser como abstração artificial)<br />

sensações elementares que façam parte<br />

da composição <strong>de</strong> uni objeto, e, em segundo<br />

lugar, que não existe um objeto <strong>de</strong> P. como<br />

entida<strong>de</strong> isolada ou isolável. O que se percebe<br />

é uma totalida<strong>de</strong> que faz parte <strong>de</strong> uma totalida<strong>de</strong>.<br />

O gestaltismo <strong>de</strong>dicou-se a <strong>de</strong>terminar as<br />

"leis" com base nas quais essas totalida<strong>de</strong>s são<br />

constituídas, as "leis <strong>de</strong> organização", que são:<br />

da proximida<strong>de</strong>, da semelhança, da direção, da<br />

boa forma, do <strong>de</strong>stino comum, do fechamento,<br />

etc.; elas po<strong>de</strong>m ser vistas em ação mesmo em<br />

experiências muito simples, como p. ex. as que<br />

revelam a tendência a agrupar numa única percepção<br />

sinais semelhantes ou suficientemente<br />

próximos, ou então constituam uma figura regular.<br />

A afirmação fundamental <strong>de</strong>ssa teoria é<br />

que a P. sempre se refere a uma totalida<strong>de</strong>,<br />

cujas partes, se consi<strong>de</strong>radas separadamente,<br />

não apresentam as mesmas características: maiores<br />

simplicida<strong>de</strong> e clareza possíveis e maiores<br />

simetria e regularida<strong>de</strong> possíveis. Tais características<br />

por vezes levaram os gestaltistas a<br />

admitir a teoria do "todo <strong>de</strong>terminante", segundo<br />

a qual o todo transcen<strong>de</strong> stias partes e as<br />

<strong>de</strong>termina dinamicamente <strong>de</strong> acordo com suas<br />

próprias leis. Assim, o todo assemelha-se ã<br />

"coisa" <strong>de</strong> que fala Husserl, a propósito da P.<br />

transcen<strong>de</strong>nte, porquanto a essência da coisa<br />

integra em si e ao mesmo tempo transcen<strong>de</strong> a<br />

totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas manifestações. Esta é a teoria<br />

da P. substancialmente aceita em Phenoménologie<br />

<strong>de</strong> Ia perception (1945) <strong>de</strong> M.<br />

Merleau-Ponty. Importante variante <strong>de</strong>ssa teoria<br />

é a do campo topológico <strong>de</strong> Lewin, segundo<br />

a qual o indivíduo, reduzido a um ponto sem<br />

dimensões, está submetido à ação das forças<br />

que agem no campo e que ele sente como<br />

alheias ao seu corpo. Nesta condição, o indivíduo<br />

é consi<strong>de</strong>rado em "locomoção", isto é,<br />

como que movendo-se para uma meta positiva<br />

ou como afastando-se <strong>de</strong> uma meta negativa.<br />

O espaço em que ocorre esse movimento é o<br />

<strong>de</strong>nominado "espaço <strong>de</strong> vida", ou seja, a região<br />

on<strong>de</strong> o indivíduo tem experiência da sua ação,<br />

espaço que não tem proprieda<strong>de</strong>s métricas ou<br />

direções <strong>de</strong>terminadas, sendo por isso lopológíco.<br />

no sentido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ter em qualquer<br />

momento qualquer dimensão ou forma geométrica,<br />

ainda que mantenha as proprieda<strong>de</strong>s que<br />

possibilitam o movimento (LF.WIN, Principies of<br />

Topological Psychology, 1936). Po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas<br />

variantes <strong>de</strong>ssa teoria: a <strong>de</strong> Hebb,<br />

para quem o campo perceptivo correspon<strong>de</strong> a<br />

uni campo fisiológico, a um "mecanismo <strong>de</strong><br />

ação neutra seletiva" que, para cada P. particular',<br />

se situaria em algum ponto do sistema nervoso<br />

central (The Organization of Behavior,<br />

Nova York, 1949), e a teoria do "campo tônicosensoriar,<br />

segundo a qual "as proprieda<strong>de</strong>s perceptivas<br />

<strong>de</strong> um objeto são função da maneira<br />

como os estímulos provenientes do objeto modificam<br />

o estado 'tônico-sensorial' existente do<br />

organismo" ( WF.RNF.R e WAPNER, "Toward a General<br />

Theory of Perception" em Psycbological<br />

Reriew, 1952, pp. 324-38). Todas as teorias aqui<br />

mencionadas, concentradas como estão nos<br />

conceitos <strong>de</strong> "totalida<strong>de</strong>" ou <strong>de</strong> "campo", privilegiam<br />

<strong>de</strong> certo modo o aspecto objetivo da<br />

percepção.<br />

b) Um segundo grupo <strong>de</strong> teorias tem em<br />

vista principalmente o aspecto subjetivo da P.<br />

Para estas teorias, não é válido nem mesmo o<br />

1" pressuposto da 2- concepção <strong>de</strong> P., o da<br />

consciência. Estas doutrinas com efeito não recorrem<br />

à noção <strong>de</strong> consciência nem à consi<strong>de</strong>ração<br />

introspectiva. Uma quantida<strong>de</strong> enorme<br />

<strong>de</strong> observações experimentais evi<strong>de</strong>nciou a importância,<br />

para a P., do estado <strong>de</strong> preparação<br />

ou predisposição do sujeito, aquilo que geralmente<br />

se chama <strong>de</strong> "disposição" (sei) perceptual.<br />

O fato fundamental é que estar disposto<br />

para certo estímulo e para certa reação a um<br />

estímulo facilita o ato <strong>de</strong> perceber e possibilita<br />

a sua realização com maior prontidão, energia<br />

ou intensida<strong>de</strong>. A disposição, em outras palavras,<br />

é um processo seletivo (\V\Q <strong>de</strong>termina preferências,<br />

priorida<strong>de</strong>s, diferenças qualitativas<br />

ou quantitativas naquilo que se percebe; não é<br />

diferente do próprio processo perceptivo, nem<br />

é um mecanismo inato ou prefixado, mas um<br />

esquema variável aprendido ou construído,<br />

ainda que nem sempre voluntariamente (cf. o<br />

cap. 9 da obra citada <strong>de</strong> Allport). As mais recentes<br />

teorias da P. levam em consi<strong>de</strong>ração<br />

es.ses fatos. Com base neles, a teoria transacional,<br />

p. ex., consi<strong>de</strong>ra a P. como uma tran-

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