22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CÓSMICO, CONCEITO 215 COSMOLOGIA<br />

CÓSMICO, CONCEITO (ai. Weltbegriff).<br />

Kant assim <strong>de</strong>nominou "o conceito que versa<br />

sobre o que interessa necessariamente a todos",<br />

como, p. ex., o conceito <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> como<br />

guia da vida, em contraposição ao "conceito<br />

escolar" (Schulbegriff), que só interessa a<br />

quem aspira à aquisição <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s especiais<br />

(Crít. R. Pura, Doutrina do método, III,<br />

nota).<br />

COSMO (gr. KÓOLIOÇ). O mundo enquanto<br />

or<strong>de</strong>m (cf. PLATÃO, Górg., 508 a; ARISTÓTELES,<br />

Met, I, 3, 984 b 16). Segundo Diógenes Laércio,<br />

os pitagóricos foram os primeiros a chamarem<br />

o mundo <strong>de</strong> C; mas ele mesmo nota<br />

que isso era atribuído a Parmêni<strong>de</strong>s por<br />

Teofrasto e a Hesíodo por Zenão (DIÓG. L,<br />

VIII, 48). Essa palavra é usada indiferentemente<br />

em lugar <strong>de</strong> "mundo" e sua noção constitui<br />

uma das interpretações fundamentais da noção<br />

<strong>de</strong> mundo. Jaspers, porém, estabeleceu uma<br />

distinção entre mundo e C: o C. é a imagem<br />

do mundo que cada um forma, mas por isso<br />

mesmo não é o mundo como soma total <strong>de</strong><br />

todas as coisas e os eus existentes, isto é, como<br />

totalida<strong>de</strong> omnicompreensiva (Phíl, I, pp.<br />

979-80) (v. MUNDO).<br />

COSMOGONIA (gr. Koouoyovía; in. Cosmogony,<br />

fr. Cosmogonie, ai. Kosmogonie, it.<br />

Cosmogonia). Mito ou doutrina referente à origem<br />

do mundo (v. COSMOLOGIA; TKOGOMA).<br />

COSMOLOGIA (lat. Cosmologia; in. Cosmology;<br />

fr. Cosmologie, ai. Kosmologie-, it.<br />

Cosmologia). Foi assim que Wolff, e, com ele, a<br />

<strong>filosofia</strong> alemã do séc. XVIII, chamou a <strong>filosofia</strong><br />

da natureza. Wolff <strong>de</strong>finiu a C. como "ciência<br />

do mundo e do universo em geral, que é um<br />

ente composto e modificável"; dividiu-a em<br />

uma parte científica e uma parte experimental<br />

(C. generalis, 1731, § 1, 4), chamadas por<br />

Baumgarten <strong>de</strong> C. racional <strong>de</strong> C. empírica (Met.,<br />

5 351). Essa terminologia foi aceita por Kant,<br />

que enten<strong>de</strong>u por "idéia cosmológica" a idéia<br />

do mundo como "totalida<strong>de</strong> absoluta das coisas<br />

existentes" (Crít. R. Pura, Dial., cap. II, seç. I).<br />

A partir <strong>de</strong> Kant, enten<strong>de</strong>u-se por C. não mais a<br />

ciência da natureza, nem toda a <strong>filosofia</strong> da natureza,<br />

mas só a parte da <strong>filosofia</strong> ou da ciência<br />

da natureza que tem por objeto a idéia do<br />

mundo e que procura <strong>de</strong>terminar as características<br />

gerais do universo em sua totalida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>m-se<br />

distinguir quatro fases da C, a partir do<br />

momento em que foram abandonadas as tentativas<br />

nitidamente míticas das teogonias (cf. M.<br />

K. MUNITZ, Theories ofthe Universe, Glencoe, I<br />

11, 1957), quais sejam: I a fase <strong>de</strong> transição do<br />

mito para a especulação; 2- fase clássica da C.<br />

geocêntrica e finitista; 3 a C. mo<strong>de</strong>rna heliocêntrica;<br />

4 a a fase contemporânea, caracterizada<br />

por várias alternativas <strong>de</strong> interpretação.<br />

I a A primeira fase é caracterizada pelo abandono<br />

do mito e pela tentativa <strong>de</strong> encontrar<br />

uma explicação racional ou natural do mundo.<br />

É a fase representada pela <strong>filosofia</strong> présocrática.<br />

Os pitagóricos tiveram maiores méritos<br />

porque: a) enten<strong>de</strong>ram o universo como<br />

um cosmo (v.), isto é, como uma or<strong>de</strong>m objetiva,<br />

exprimível na linguagem matemática, em<br />

figuras e números; b) com Filolau (séc. V a.C),<br />

foram os primeiros a rejeitar a concepção geocêntrica,<br />

acreditando que a Terra e todos os<br />

outros corpos celestes se movem em torno <strong>de</strong><br />

um fogo central chamado Hestia e apresentando,<br />

assim, a primeira doutrina heliocêntrica,<br />

<strong>de</strong>fendida mais tar<strong>de</strong> por Herácli<strong>de</strong>s Pôntico e<br />

Aristarco <strong>de</strong> Samos (séc. III a.C).<br />

2- A segunda fase é a da astronomia clássica<br />

c da <strong>filosofia</strong> da natureza <strong>de</strong> Platão e Aristóteles.<br />

Caracteriza-se pela consolidação da concepção<br />

geocêntrica do mundo através da obra<br />

<strong>de</strong> Eudoxo (séc. IV a.C), Hiparco (séc. II a.C)<br />

e Ptolomeu (séc. II d.C), bem como pela concepção<br />

finitista e qualitativa da natureza, própria<br />

<strong>de</strong> Aristóteles. Este, com efeito, julgava<br />

que o mundo era necessariamente finito porque<br />

perfeito; e estabeleceu como sua característica<br />

fundamental a divisão em duas partes<br />

qualitativamente diferentes: o céu, composto<br />

por éter, substância não engendrável e incorruptível,<br />

que se move apenas em movimento<br />

circular (v. CÉU); e os corpos sublunares, compostos<br />

pelos quatro elementos que se movem<br />

a partir do centro ou para o centro da Terra (v.<br />

FÍSICA). Esta concepção prevaleceu na Ida<strong>de</strong><br />

Média.<br />

3 a A terceira fase inicia-se no fim da Ida<strong>de</strong><br />

Média, quando a concepção clássica foi posta<br />

em dúvida por Ockham, que reconhecia a possibilida<strong>de</strong><br />

da infinitu<strong>de</strong> do mundo e da existência<br />

<strong>de</strong> mais mundos (In Sent., I, d. 44, q. 1),<br />

ao mesmo tempo em que negava a diferença<br />

entre a substância celeste e a substância sublunar<br />

(lbid., II, q. 22). As possibilida<strong>de</strong>s que Ockham<br />

<strong>de</strong>ixou abertas transformaram-se em afirmações<br />

categóricas no século seguinte, por Nicolau<br />

<strong>de</strong> Cusa (De docta ignor., 1440), unindo-se<br />

(assim como o finitismo aristotélico se unira à<br />

astronomia geocêntrica) à astronomia heliocêntrica<br />

<strong>de</strong> Copérnico e <strong>de</strong> Kepler na nova

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!