22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

VERACIDADE 994 VERDADE<br />

pensa, assim como a vonta<strong>de</strong> do juiz que, como<br />

homem, gostaria que o réu vivesse, mas<br />

que, no entanto, <strong>de</strong>seja que ele seja enforcado<br />

(5. Th., I, q. 19. a. 6, ad. ]'-').<br />

VERACIDADE (in. Tnithfnlness; fr. Véracité,<br />

ai. Wahrhaftigkeit; it. Veracitã). 1. Caráter<br />

do discurso que exprime a convicção <strong>de</strong> quem<br />

o pronuncia e, portanto, não po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong><br />

engano em quem ouve. Nesse sentido, Locke<br />

chamava a V. <strong>de</strong> "verda<strong>de</strong> moral", e a distinguia<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> "metafísica", que é a conformida<strong>de</strong><br />

das idéias às coisas (Ensaio, IV, 5, II).<br />

Mas para isso Leibniz usava a palavra V. (Nouu.<br />

ess., IV, 5, 11).<br />

2. Às vezes, V. significa sincerida<strong>de</strong>, que<br />

não é uma qualida<strong>de</strong> do discurso, mas da pessoa<br />

que faz habitualmente discursos verazes. Nesse<br />

sentido, Descartes falara em "V. divina", afirmando<br />

que Deus não po<strong>de</strong> enganar-nos, no<br />

sentido <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r ser causa <strong>de</strong> erros (Méd.,<br />

IV).<br />

VERBAIISMOün. Verbalism; fr. Verbalisme,<br />

it. Verbalismo). 1. Expressão verbal <strong>de</strong> pouco<br />

significado ou <strong>de</strong> significação in<strong>de</strong>finido; tendência<br />

a valer-se <strong>de</strong>ssas expressões.<br />

2. Uma expressão verbal.<br />

VERBO 1 . V. LOGOS.<br />

VERBO 2 (gr. pipa; lat. Verbum, in. Verb, fr.<br />

Verbe, ai. Zeitwort; it. Verbo). Como parte do<br />

discurso, o V. foi <strong>de</strong>finido por Aristóteles como<br />

"o nome em cujo significado há uma <strong>de</strong>terminação<br />

temporal, cujas partes nada significam<br />

separadamente e que é o signo das coisas que<br />

se dizem <strong>de</strong> outra coisa" (De int., 3, 16 b 6).<br />

Essa <strong>de</strong>finição foi conservada pela lógica medieval<br />

(v. PEDRO HISPANO, Summ. log., 1.05). Na<br />

lingüística mo<strong>de</strong>rna, a distinção entre nome e<br />

verbo tornou-se muito menos importante, visto<br />

que, embora comum a muitas línguas, não<br />

existe em outras (BLOOMFIELD, Language, 1933,<br />

p. 20).<br />

VERDADE (gr. áW)0eia; lat. Ventas; in.<br />

Truth; fr. Vérité, ai. Wahrheit; it. Venta). Valida<strong>de</strong><br />

ou eficácia dos procedimentos cognoscitivos.<br />

Em geral, enten<strong>de</strong>-se por V. a qualida<strong>de</strong> em<br />

virtu<strong>de</strong> da qual um procedimento cognoscitivo<br />

qualquer torna-se eficaz ou obtém êxito. Essa<br />

caracterização po<strong>de</strong> ser aplicada tanto às concepções<br />

segundo as quais o conhecimento é<br />

um processo mental quanto às que o consi<strong>de</strong>ram<br />

um processo lingüístico ou semiótico. A<strong>de</strong>mais,<br />

tem a vantagem <strong>de</strong> prescindir da distinção<br />

entre <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> V. e critério <strong>de</strong> V. Essa distinção<br />

nem sempre é feita, nem é freqüente;<br />

quando feita, representa apenas a admissão <strong>de</strong><br />

duas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> V. P. ex., quando se faz a distinçào<br />

entre teoria da correspondência e critério<br />

<strong>de</strong> V., este é <strong>de</strong>finido como evidência recorrendo-se<br />

ao conceito <strong>de</strong> V. como revelação, e a<br />

teoria da V. como conformida<strong>de</strong> a uma regra,<br />

apresentada por Kant como critério formal ao<br />

lado do conceito <strong>de</strong> V. como correspondência,<br />

torna-se então uma <strong>de</strong>finição da própria V.<br />

É possível distingtiir cinco conceitos fundamentais<br />

<strong>de</strong> V.: 1 B a V. como correspondência;<br />

2- a V. como revelação; 3 Q a V. como conformida<strong>de</strong><br />

a uma regra; 4- a V. como coerência; 5- Q a V.<br />

como utilida<strong>de</strong>. Essas concepções têm importâncias<br />

diferentes na história da <strong>filosofia</strong>: as duas<br />

primeiras, em especial a primeira, sem dúvida<br />

são as mais difundidas. Não são nem mesmo<br />

alternativas entre si: é possível encontrar mais<br />

<strong>de</strong> uma no mesmo filósofo, embora usadas<br />

com propósito diferente. No entanto, por serem<br />

díspares e mutuamente irredutíveis, <strong>de</strong>vem<br />

ser consi<strong>de</strong>radas distintas.<br />

l e O conceito <strong>de</strong> V. como correspondência<br />

é o mais antigo e divulgado. Pressuposto por<br />

muitas das escolas pré-socráticas, o primeiro a<br />

formulá-lo explicitamente foi Platão, na <strong>de</strong>finição<br />

do discurso verda<strong>de</strong>iro feita em Crãtüa "Verda<strong>de</strong>iro<br />

é o discurso que diz as coisas como são;<br />

falso é aquele que as diz como não são" (Crat.,<br />

385 b; v. Sof., 262 e; Fil, 37 c). Por sua vez,<br />

Aristóteles dizia: "Negar aquilo que é e afirmar<br />

aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que<br />

é e negar o quevnão é, é a verda<strong>de</strong>" (Met., IV,<br />

7. 1011 b 26 ss.; v. V, 29, 1024 b 25). Aristóteles<br />

enunciava também as duas teses fundamentais<br />

<strong>de</strong>ssa concepção <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. A primeira é que<br />

a V. está no pensamento ou na linguagem, não<br />

no ser ou na coisa (Met,, VI, 4, 1027 b 25). O segundo<br />

é que a medida da V. é o ser ou a coisa,<br />

não o pensamento ou o discurso: <strong>de</strong> modo que<br />

uma coisa não é branca porque se afirme com<br />

V. que ela assim é, mas afirma-se com V. que<br />

ela é branca porque é (Met., IX, 10, 1051 b 5).<br />

Nas doutrinas anteriores a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> V. e<br />

o critério <strong>de</strong> V. coinci<strong>de</strong>m. Em outras doutrinas,<br />

mesmo mantendo-se fixa a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> V., o<br />

critério <strong>de</strong> V. é consi<strong>de</strong>rado diferente; é o que<br />

acontece no estoicismo e no epicurismo. Estóicos<br />

e epicuristas continuam admitindo que a V.<br />

é a correspondência entre o conhecimento e a<br />

coisa (SEXTO EMPÍRICO, Adv. math., VIII, 38; II, 9),

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!