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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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CROCODILO, DILEMA DO 224 CULPA<br />

Kant, nos pontos básicos pelos quais agiu na <strong>filosofia</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna e contemporânea, e que po<strong>de</strong>m<br />

ser assim resumidos: I a Formulação crítica<br />

(v.) do problema filosófico e, portanto,<br />

con<strong>de</strong>nação da metafísica como esfera <strong>de</strong> problemas<br />

que estão além das possibilida<strong>de</strong>s da<br />

razão humana. 2- Determinação da tarefa da<br />

<strong>filosofia</strong> como reflexão sobre a ciência e, em<br />

geral, sobre as ativida<strong>de</strong>s humanas, a fim <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminar as condições que garantem (e limitam)<br />

a valida<strong>de</strong> da ciência e, em geral, das<br />

ativida<strong>de</strong>s humanas. 3 e Distinção fundamental,<br />

no domínio do conhecimento, entre os problemas<br />

relativos à origem e ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do conhecimento no homem e o problema da<br />

valida<strong>de</strong> do próprio conhecimento, isto é, distinção<br />

entre o domínio da psicologia (Kant disse<br />

"fisiologia", Crít. R. Pura, § 10) e o domínio lógico-transcen<strong>de</strong>ntal<br />

ou lógico-objetivo, on<strong>de</strong><br />

tem lugar a questão <strong>de</strong> iure da valida<strong>de</strong> do<br />

conhecimento, insolúvel no terreno <strong>de</strong> facto.<br />

Essa distinção eqüivale à <strong>de</strong>scoberta da dimensão<br />

lógico-objetiva do conhecimento que <strong>de</strong>veria<br />

inspirar a <strong>filosofia</strong> dos valores, a Escola<br />

<strong>de</strong> Marburgo, o logicismo <strong>de</strong> Frege e, através <strong>de</strong><br />

Bolzano, a fenomenologia <strong>de</strong> Husserl. Em geral,<br />

po<strong>de</strong>-se dizer que a polêmica da matemática<br />

e da lógica mo<strong>de</strong>rna contra o psicologismo<br />

(v.) tem origem histórica no C. kantiano; 4 B<br />

Conceito <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> fundada no imperativo<br />

categórico e conceito <strong>de</strong> imperativo categórico<br />

como forma da razão em seu uso prático.<br />

Esses pontos constituem as características<br />

comuns <strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong> C. e <strong>de</strong> neocriticismo.<br />

Não constituem, porém, traços<br />

característicos ou dominantes do C. os fundamentos<br />

da doutrina kantiana <strong>de</strong> arte, teleologia<br />

e religião; sobre eles, v. verbetes correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

CROCODILO, DILEMA DO. V DILEMA<br />

CRONÓTOPO. Foi esse o nome dado por<br />

Gioberti, em Protologia (I, p. 453-54), à unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> espaço e tempo puros, isto é, intuídos<br />

pelo Pensamento Divino. O C. é Deus mesmo,<br />

porque é a própria possibilida<strong>de</strong> infinita da<br />

criação; no pensamento divino, é uma espécie<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo eterno do tempo e do espaço.<br />

CRUCIAL (lat. Instantia crucis). O uso comum<br />

que se faz <strong>de</strong>sse adjetivo em expressões<br />

como "experiência C", "exemplo C", "período<br />

C", no sentido genérico <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisivo, remonta a<br />

Bacon (Nov. Org., II, 36), que <strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong><br />

instâncias C. (das cruzes que se erigiam nas encruzilhadas<br />

para indicar a separação das estra-<br />

das) aos experimentos que permitem escolher<br />

a hipótese verda<strong>de</strong>ira entre as várias possíveis<br />

para a explicação <strong>de</strong> um fenômeno.<br />

CUIDADO (lat. Cura; ai. Sorge, it. Cura). A<br />

preocupação, que, segundo Hei<strong>de</strong>gger, é o<br />

próprio ser do ser-aí, isto é, da existência. O C.<br />

é a totalida<strong>de</strong> das estruturas ontológicas do seraí<br />

enquanto ser-no-mundo: em outros termos,<br />

compreen<strong>de</strong> todas as possibilida<strong>de</strong>s da existência<br />

que estejam vinculadas às coisas e aos<br />

outros homens e dominadas pela situação.<br />

Hei<strong>de</strong>gger lembra a fábula 220 <strong>de</strong> Higino como<br />

"um testemunho pré-ontológico" da sua doutrina<br />

do cuidado. Essa fábula termina com estas<br />

palavras: "Como foi cuidado quem primeiro<br />

imaginou o homem, que fique com ele enquanto<br />

ele viver" (Sein undZeit, § 42). Todavia,<br />

Hei<strong>de</strong>gger adverte: "Essa expressão nada tem<br />

a ver com 'aflição', 'tristeza', 'preocupações' da<br />

vida como se revelam onticamente em cada<br />

ser-aí. Ao contrário, é onticamente possível algo<br />

como '<strong>de</strong>spreocupação' e 'alegria', justamente<br />

porque o ser-aí, ontologicamente entendido, é<br />

cuidado (.cura); como ao ser-aí pertence <strong>de</strong><br />

modo essencial o ser-no-mundo, seu ser em<br />

relação com o mundo é essencialmente ocupação"<br />

(Ibid., § 12).<br />

CULPA (lat. Culpa; in. Guilt; fr. Culpabilité,<br />

ai. Schuld; it. Colpa). Originariamente, termo<br />

jurídico para indicar a infração <strong>de</strong> uma norma<br />

cometida "involutariamente", sem premeditação,<br />

em contraposição a <strong>de</strong>lito (dolus), que é a<br />

transgressão premeditada. Eis como Kant exprime<br />

a questão: "Uma transgressão involuntária<br />

mas imputável chama-se culpa; uma transgressão<br />

voluntária (unida à consciência <strong>de</strong> que<br />

se trata realmente <strong>de</strong> uma transgressão) chamase<br />

<strong>de</strong>lito" (Met. <strong>de</strong>r Sitten, I, Intr. § 4). Para<br />

Hei<strong>de</strong>gger, a culpa é "um modo <strong>de</strong> ser do seraí",<br />

uma <strong>de</strong>terminação essencial da existência<br />

humana enquanto tal. Distingue dois significados<br />

<strong>de</strong> ser culpado (correspon<strong>de</strong>ntes aos dois<br />

significados do ai. Schuld, que significa dívida<br />

e culpa): estar em débito com alguém e ser<br />

causa, autor ou responsável por alguma coisa.<br />

"Nessa forma <strong>de</strong> 'ter culpa' <strong>de</strong> alguma coisa, po<strong>de</strong>-se<br />

'ser culpado' sem 'estar em débito' com<br />

alguém ou ser-lhe <strong>de</strong>vedor. E, vice-versa, po<strong>de</strong>se<br />

<strong>de</strong>ver algo a alguém sem ter C. disso (ser<br />

sua causa)" (Sein und Zeit, § 58). Em sentido<br />

análogo, Jaspers colocou a C. entre as situações-limite<br />

da existência humana, isto é, entre<br />

as situações a que o homem não po<strong>de</strong> fugir<br />

(PM., II, pp. 246 ss.).

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