22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

VIRTUDE 1004 VISÃO<br />

<strong>de</strong>finia a V. como "disposição para produzir<br />

felicida<strong>de</strong>" (Deontology, X). Apesar <strong>de</strong> ser peculiar<br />

ao empirismo, esse conceito <strong>de</strong> V. foi compartilhado<br />

por Spinoza: "Para nós, agir absolutamente<br />

segundo a V., nada mais é que agir,<br />

viver e conservar o próprio ser (três coisas que<br />

significam o mesmo) segundo a orientação da<br />

razão sobre o fundamento da busca do útil"<br />

(Et., IV, 24).<br />

d) O conceito <strong>de</strong> V. como sentimento ou<br />

disposição, vale dizer, como espontaneida<strong>de</strong>,<br />

encontra-se nos analistas ingleses do séc. XVIII,<br />

a começar por Shaftesbury: "Numa criatura sensível,<br />

que não é feito por meio <strong>de</strong> uma afeição<br />

não produz nem bem nem mal em sua natureza,<br />

pois essa criatura só po<strong>de</strong> ser chamada <strong>de</strong><br />

bondosa quando o bem ou o mal do sistema<br />

com o qual ela está em relação for objeto imediato<br />

<strong>de</strong> alguma emoção ou afeição que a<br />

mova" (Characteristics o/Men, Treatise IV, livro<br />

I, part, 2, seç. I). Com base nisto, Hutchinson<br />

postulou um sentido moral como fundamento<br />

da V. (System of Moral Sentiments, 1754, III, I)<br />

e Adam Smith <strong>de</strong>finiu esse sentido moral como<br />

simpatia (Theory of Moral Sentiments, 1759, III.<br />

1). Mas foi principalmente o Iluminismo francês<br />

que divulgou esse conceito: Rousseau falava<br />

da pieda<strong>de</strong> como "V. natural", que é "uma<br />

disposição conveniente a seres tão débeis e<br />

sujeitos a tantos males quanto os homens", que<br />

antece<strong>de</strong> a reflexão (De iinégalité parnii les<br />

bommes, D; no mesmo sentido, Voltaire consi<strong>de</strong>rava<br />

que V. outra coisa não é senão "fazer o<br />

bem ao próximo" (Dictionnairephilosophíque,<br />

art. Vertu). A ética do positivismo ateve-se a essa<br />

concepção, consi<strong>de</strong>rando a V. como manifestação<br />

do instinto altruísta (COMTK, Catéchisme<br />

positiviste, p. 48; SPF.NCF.R, Data of Etbics, § 46).<br />

Na <strong>filosofia</strong> contemporânea, po<strong>de</strong>-se distinguir<br />

concepção análoga na chamada "moral aberta"<br />

<strong>de</strong> Bergson, que é a manifestação do ela vital<br />

(Deuxsoucers, 1932, cap. I).<br />

e) Finalmente, a concepção <strong>de</strong> V. como esforço<br />

foi enunciada por Rousseau e adotada<br />

por Kant. Rousseau dizia: "Não existe felicida<strong>de</strong><br />

sem coragem, nem V. sem luta: a palavra V.<br />

<strong>de</strong>riva da palavra força; a força é a base <strong>de</strong> toda<br />

virtu<strong>de</strong>. A V. pertence apenas aos seres <strong>de</strong><br />

natureza débil, mas <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> forte: exatamente<br />

por isso homenageamos o homem justo;<br />

também por isso, mesmo atribuindo bonda<strong>de</strong><br />

a Deus, não dizemos que Ele é virtuoso,<br />

porque suas boas obras são por ele cumpridas<br />

sem esforço algum" (Émile, V.). Nesse espírito,<br />

Kant <strong>de</strong>finiu a V. como "intenção moral em luta",<br />

que não teria sentido caso o homem tivesse acesso<br />

à santida<strong>de</strong>, ou seja, à coincidência perfeita<br />

da vonta<strong>de</strong> como lei (Crít. R. Pratica, I, livro I,<br />

cap. III). Assim como Cícero (v. CORAGEM) e<br />

Rousseau, ele uniu estreitamente a noção <strong>de</strong> V.<br />

com a <strong>de</strong> coragem: "A qualida<strong>de</strong> especial e o<br />

propósito elevado com que se resiste a um<br />

adversário forte mas injusto chama-se coragem<br />

(fortitudo); quando se trata do adversário encontrado<br />

pela intenção em nós mesmos, chama-se<br />

V. (virtus, fortitudo moralis). Portanto,<br />

a parte da doutrina geral dos <strong>de</strong>veres que<br />

submete a liberda<strong>de</strong> interna (e não a externa)<br />

a leis é uma doutrina da V." (Met. <strong>de</strong>r Sitten,<br />

II, Intr., I). Em polêmica com Kant, Schiller<br />

procurou integrar a doutrina Kantiana na concepção<br />

<strong>de</strong> V. como espontaneida<strong>de</strong> ou sentimento,<br />

dizendo: "Não tenho bom conceito do<br />

homem que po<strong>de</strong> confiar tão pouco na voz<br />

do instinto que precise silenciá-lo o tempo<br />

todo diante da lei moral; respeito e estimo mais<br />

aquele que se entrega ao instinto com certa<br />

segurança, sem o risco <strong>de</strong> ser por ele <strong>de</strong>sencaminhado"<br />

(ÜberAnmut \tnd Wür<strong>de</strong>, 1793, em<br />

Werke, ed. Karpeles, XI, p. 202). O conceito <strong>de</strong><br />

alma bela (v.) nascia exatamente <strong>de</strong>ssa noção<br />

da V. como espontaneida<strong>de</strong>, à qual Kant respondia<br />

que, se "o temperamento da V. for corajoso<br />

e portanto alegre", a V., entre os seus outros<br />

benefícios, também po<strong>de</strong> ser acompanhada<br />

pela graça (Religion, I, Observ., nota).<br />

Já Hegel observava que no seu tempo não<br />

se falava mais tanto <strong>de</strong> V. (F/7. do dir., § 150,<br />

Zusatz), pois "falar <strong>de</strong> V. confina facilmente com<br />

<strong>de</strong>clamaçâo vazia, pois assim se fala apenas <strong>de</strong><br />

algo abstrato e in<strong>de</strong>terminado"; e que o discurso<br />

sobre a V. <strong>de</strong>stina-se ao indivíduo enquanto<br />

arbítrio subjetivo (Ibid., § 150). A observação<br />

<strong>de</strong> Hegel também se aplica aos nossos tempos,<br />

em qtie a discussão do problema moral <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> ter forma <strong>de</strong> discurso sobre a V., para assumir<br />

a forma <strong>de</strong> discurso sobre valores e normas, <strong>de</strong><br />

um lado, e sobre atitu<strong>de</strong>s e modos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong><br />

outro (v. ÉTICA).<br />

VIRTUDES CARDEAIS, DIANOÉTICAS,<br />

ÉTICAS, TEOLOGAIS. V. CARDEAIS, VIRTUDES;<br />

DlANOÉTICO; ÉTICAS, VIRTUDES; TEOLOGAIS, VIR-<br />

TUDES.<br />

VISÃO (in. Vision, fr. vision, ai. Anschauung,<br />

Trãumerei; it. Visione). 1. No sentido propriamente<br />

filosófico, o mesmo que intuição (v.).<br />

2. O sentido da vista.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!