16.04.2013 Views

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

algumas situações, estendia-se à sua própria existência (por exemplo, nunca<br />

tinham ouvido falar do Bretão nem do Afrikaans; cf. Anexo II.1.1 – 91 e 93).<br />

Também as famílias linguísticas constituíram alguma novidade, na medida<br />

em que as alunas, aparentemente, tinham noção da sua existência – até porque<br />

esta tinha sido uma temática abordada, ainda que brevemente, na disciplina de<br />

Latim no ano anterior (10º Ano) –, mas apenas reconheciam, e por vezes sem as<br />

saberem denominar, a Românica e a Germânica:<br />

(29) N ó professor além das românicas e das germânicas / qual é que há mais?<br />

(Anexo II.1.1 – 95).<br />

Outro facto observado e que teve sobre nós grande impacto, levando-nos a<br />

reflectir sobre a forma como a escola lida com os conhecimentos prévios <strong>dos</strong><br />

alunos, foi a sensação de “derrota” que algumas aprendentes manifestaram, no<br />

início do PP, ao depararem com a necessidade de trabalhar com línguas que nunca<br />

tinham estudado. Nas nossas próprias palavras, na altura:<br />

um factor de resistência inicial foi, sem dúvida, pensarem que se nunca<br />

estudaram uma dada língua, então não podiam dizer que a conheciam e,<br />

certamente, não a podiam compreender. […] E é curioso notar […] que mesmo<br />

após a actividade introdutória e a resolução, com relativo sucesso, da ficha de<br />

trabalho sobre Júlio César (sobretudo em relação ao texto italiano), alguns<br />

alunos continuaram a afirmar que para se compreender uma língua é<br />

necessário estudá-la numa escola. Chegaram mesmo a demonstrar surpresa<br />

quando, após terem afirmado que consideraram ter compreendido o texto<br />

italiano e terem negado que alguma vez tivessem estudado tal língua, lhes foi<br />

feito notar que aquilo que diziam contradizia o que tinham feito. Parece-nos ser<br />

este um ponto sensível no que respeita à forma como a escola encara as<br />

competências linguísticas e de <strong>aprendizagem</strong> <strong>dos</strong> alunos, visão que estes<br />

posteriormente reproduzem (<strong>Santos</strong> & Andrade, Évora, 2001) 2 .<br />

Constatámos, ainda, que esta falta de confiança em relação a conhecimentos<br />

linguísticos adquiri<strong>dos</strong> em contextos informais e extra-escolares se estendia,<br />

também, aos conhecimentos de índole referencial, nomeadamente históricos, os<br />

quais poderiam, em nosso entender e face aos raciocínios apresenta<strong>dos</strong>, ter<br />

2 In Andrade & Araújo e Sá, 2003.<br />

191

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!