16.04.2013 Views

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

esforçam sempre por compreender os “estrangeiros”, os turistas, e por falar na<br />

língua deles, mas eles nunca tentam aprender a falar o português! A defesa desta<br />

perspectiva de <strong>Intercompreensão</strong> não correrá o risco de vir reforçar esta atitude?<br />

Note-se que no próprio QECR, que fundamenta esta dissociação de competências,<br />

pode ler-se, a propósito da definição de “plurilinguismo”:<br />

520<br />

Os interlocutores podem, por exemplo, passar de uma língua (ou de um<br />

dialecto) para outra, explorando a capacidade de cada um deles de se expressar<br />

numa língua e de compreender a outra […]. Aqueles que têm alguns<br />

conhecimentos, mesmo elementares, podem usá-los para ajudar a comunicar<br />

aqueles que os não têm, servindo, assim, de mediadores entre indivíduos que<br />

não têm nenhuma língua em comum (Alves, 2001: 23).<br />

Aquilo para que chamamos a atenção, no fundo, é para o facto de que os<br />

méto<strong>dos</strong> basea<strong>dos</strong> na <strong>Intercompreensão</strong>, por limitações de ordem vária (que<br />

sentimos igualmente no nosso trabalho), apostaram no desenvolvimento de<br />

competências receptivas, seguindo também o desafio proposto por Hermoso<br />

(1998) de que partimos no início do capítulo anterior, mas tal não significa que, na<br />

prática interactiva <strong>dos</strong> sujeitos, a situação seja tão clara e linear (cf., por exemplo,<br />

Melo, 2006). Deixará, neste caso, de se poder falar de <strong>Intercompreensão</strong>?<br />

North afirma que, numa situação de comunicação internacional,<br />

éviter le contact, cela signifie parler la langue du partenaire, cela signifie<br />

apprendre la langue du partenaire. Et c’est toute la problématique de<br />

l’apprentissage des langues étrangères qui est en jeu (2006b: 5).<br />

Evita-se o contacto entre as línguas de cada um – poderá ser –, mas não poderá<br />

ocorrer também o evitamento do contacto entre os próprios parceiros<br />

comunicativos, se ambos fizerem questão de se manter (encerra<strong>dos</strong>?...) na sua<br />

língua, do ponto de vista da expressão? Note-se, a este propósito, o comentário de<br />

Elert, que descreve a situação nos países escandinavos, toma<strong>dos</strong>, como vimos,<br />

como modelo para a intercompreensão europeia:<br />

A few words could be said about long term exposure to Scandinavian<br />

intercommunication. I am thinking of persons who move in order to live and to<br />

work in a neighbouring country. They often try to speak the language of the<br />

country, abandoning the common technique to use one’s language in bilingual<br />

conversation. This adaptation can be more or less perfect. Language mixing is

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!