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Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

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Considerações finais<br />

• Da utopia<br />

“Utopia”, s. f. Projecto imaginário […] Coisa irrealizável […] Quimera,<br />

fantasia (in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira).<br />

Será no mundo da utopia que nos movemos, quando advogamos a defesa<br />

do Plurilinguismo como factor de coesão social e de desenvolvimento sustentável?<br />

Também em Postel a atenção às línguas é acompanhada por uma utopia<br />

religiosa: o seu sonho é a paz universal. No De orbis terrae concordia (1544,<br />

I), afirma decididamente que o conhecimento <strong>dos</strong> problemas linguísticos é<br />

necessário à instauração de uma concórdia universal entre to<strong>dos</strong> os povos (Eco,<br />

1996: 84).<br />

Será utópico pensar que, se o sonho de uma língua perfeita ou universal sempre<br />

se afirmou precisamente como resposta ao drama das divisões religiosas e políticas, ou<br />

ainda à simples dificuldade das relações económicas (Eco, 2006: 33), a resposta a estes<br />

desafios, hoje em dia, não passa por UMA língua, mas pela aceitação universal do<br />

Plurilinguismo como valor cultural, político e educativo-formativo?<br />

Se concordarmos com Eco,<br />

O problema da cultura europeia do futuro não está por certo no triunfo do<br />

poliglotismo total […], mas numa comunidade de pessoas capazes de colherem<br />

o espírito, o perfume, a atmosfera de uma língua diferente. Uma Europa de<br />

poliglotas não é um Europa de pessoas falando correntemente múltiplas<br />

línguas, mas, no melhor <strong>dos</strong> casos, uma Europa de pessoas que são capazes de<br />

se encontrar falando cada uma delas a sua própria língua e compreendendo a da<br />

outra pessoa, sem a saber falar com fluência, pelo que, entendendo-se assim,<br />

ainda que com esforço, entenderão o «génio», o universo cultural que cada uma<br />

delas expressa ao falar a língua <strong>dos</strong> seus antepassa<strong>dos</strong> e da sua tradição (Eco,<br />

1996: 324/5);<br />

seremos, com Eco, utópicos? O cenário que ele traça parece-o! E o caminho para a<br />

sua concretização não será, igualmente, fácil de percorrer, embora aparente ter<br />

sido mais fácil de descobrir:<br />

Tous les spécialistes savent que l’acquisition d’une langue étrangère dans sa<br />

totalité reste une entreprise difficile et de longue haleine, et que le bilinguisme<br />

réel est un mythe […]. Dans la technique de l’intercompréhension, chacune des<br />

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