16.04.2013 Views

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

312<br />

Esta “associação das palavras que iam percebendo” (cf. Apêndice III.1 – nº47)<br />

traduz, assim, um primeiro momento de concentração no vocábulo individual,<br />

fonte exclusiva de acesso ao sentido do texto, cujo significado se procurava, em<br />

seguida, conjugar com o <strong>dos</strong> restantes vocábulos pretensamente “descodifica<strong>dos</strong>”<br />

ou, quando esta descodificação não fosse possível, com os senti<strong>dos</strong> que se pensava<br />

poder atribuir a esses significantes desconheci<strong>dos</strong>, de forma a criar um conjunto<br />

semântico aceitável do ponto de vista do seu conhecimento do Mundo e das<br />

Línguas (cf. Capítulos 6.2.5 e 6.2.6):<br />

(56) M tentava ver se tinha alguma palavra que era... // igual ao latim ou outra língua //<br />

e às vezes... / inventava {riso}<br />

(57) E então... centravas digamos assim a tua tentativa de compreensão <strong>dos</strong> textos na<br />

identificação de uma ou outra palavra / é?<br />

(58) M sim<br />

(Apêndice II.1 – nº57).<br />

Raramente surge, pelo menos nos momentos iniciais do PP e de forma<br />

espontânea, a valorização de conhecimentos do domínio da pragmática, da<br />

tipologia/estrutura textual (cf. Souchon, 1991) ou de índole referencial (estratégias<br />

típicas do procedimento top-down, cf. Nunan, 1993): o processo de tradução<br />

realizado parece basear-se num princípio de univocidade e denotatividade <strong>dos</strong><br />

significantes, pressupondo que por cada palavra de uma língua, há necessariamente<br />

uma palavra equivalente numa outra língua (Raposo 12 , 1994: 66); a compreensão faz-se<br />

com base, quase exclusivamente, em aspectos linguísticos. Ou seja, descobre-se um<br />

significado para alguns <strong>dos</strong> vocábulos reconheci<strong>dos</strong>, somam-se to<strong>dos</strong> e assim se<br />

obtém (aparentemente…) uma tradução.<br />

Repare-se, por exemplo, na resolução da Actividade Principal do 1º Módulo<br />

– textos em Italiano e Alemão sobre Júlio César (Anexo II.1.2), em que os Grupos 1<br />

e 2, a fim de recolherem informação para redigirem o resumo do primeiro texto,<br />

12 Note-se que a autora considera responsável por esta crença o tipo de exercício de tradução habitualmente<br />

realizado nas escolas portuguesas, cujo objectivo será somente o de avaliar a competência linguística <strong>dos</strong><br />

alunos em LE, levando a que eles se prendam aos significa<strong>dos</strong> e não ao sentido que eles conferem ao<br />

enunciado. Defende, por isso, que é fundamental que os professores repensem o exercício da tradução como uma<br />

actividade de pesquisa e de restituição de sentido, fundada na competência do aluno em situação natural de comunicação<br />

(1994: 67).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!