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Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

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1.1 Motivações<br />

É necessário um esforço de desvendamento conduzido sobre um fio de<br />

navalha entre a lucidez e a ininteligibilidade da resposta.<br />

(Sousa <strong>Santos</strong>, 2002: 9)<br />

A realização de qualquer trabalho de investigação, a forma que este assume<br />

e os princípios pelos quais se norteia, não pode ser encarada dissociada do<br />

percurso profissional do investigador que o realiza;<br />

é pois indispensável elucidar o nosso próprio relacionamento com os fenómenos<br />

que estudamos. Porque orientamos a nossa atenção sobre uma dada questão<br />

mais do que sobre outra qualquer? Que utilidade encontramos nisso e o que é<br />

que esperamos? Em que é que a nossa própria posição no sistema social e a<br />

nossa história pessoal são susceptíveis de afectar o nosso ponto de vista? […]<br />

Este esforço de auto-lucidez, de reflexividade, reclamado pelo investigador em<br />

ciências sociais, não é uma questão de boa vontade, mas de trabalho científico<br />

(Campenhoudt, 2003: 39).<br />

Este aspecto foi, no nosso caso, tanto mais determinante quanto a<br />

existência desse percurso profissional era curta, quase nula no que a práticas<br />

investigativas diz respeito. Daqui terá derivado a relativa fragilidade do começo<br />

deste processo, que nos fez, em momentos posteriores, pôr em causa todo o<br />

trabalho que entretanto realizáramos. Mas daqui terá derivado também a abertura<br />

com que encarámos o trabalho de investigação, sem nos deixarmos constranger<br />

excessivamente por ditames de índole sobretudo metodológica, apostando no<br />

trilhar de um caminho próprio, traçado à medida das necessidades e <strong>dos</strong> sonhos<br />

que nos iam animando, com cada troço construído imediatamente em cima do<br />

anterior e do que nele tinha ocorrido, com desvios ao plano inicialmente traçado<br />

sempre que tal nos pareceu fundamental para o trabalho, enfim, um processo de<br />

investigação encarado como um percurso dinâmico, tendo em conta que nos<br />

situamos num campo complexo, dificilmente quantificável e, no que respeita<br />

sobretudo aos sujeitos envolvi<strong>dos</strong> e seus processos de reflexão, até dificilmente<br />

observável: o campo das ciências sociais e humanas. Identificamo-nos, a este<br />

propósito, com o pensamento de Sousa <strong>Santos</strong> (2002), que ao reflectir sobre a crise<br />

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