16.04.2013 Views

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

274<br />

(46) N sim concordo / porque nós não podemos dizer que conhecemos... por exemplo eu<br />

não posso dizer que conheço a língua alemã... sabendo que esta palavra diz isto... sabendo que<br />

se tenho um texto todo se calhar em mil palavras conheço três / porque acho que... a língua não<br />

é um conjunto de palavras / a língua é... o seu funcionamento / é... a forma como elas se<br />

relacionam / como constituem... por exemplo eu posso conhecer da música o dó... o lá... / o si /<br />

mas não sei... o que interessa é a sua totalidade<br />

(Apêndice I.4 – nº26);<br />

No caso da aluna Cr, já aquando da Entrevista 1 (Anexo II.2), ela tinha<br />

evidenciado reflexão sobre esta temática, patenteando a consciência de que as<br />

possibilidades de comparação e transferência, neste campo, não são infinitas, antes<br />

dependem do grau de proximidade das línguas em questão, nomeadamente em<br />

relação à LM do sujeito envolvido no processo de compreensão:<br />

Sobre a integração de actividades do tipo das do PP em aulas de outras Ls:<br />

(10) Cr acho que sim // se tivesse que ver com a língua que se está a estudar não é? /<br />

porque... se for em inglês e alemão e ahm... p’ra retirar do português não dá / tinha que ser<br />

alguma coisa relacionada... com a língua da disciplina<br />

(…)<br />

(18) Cr tem mas é muito mais difícil porque / se as línguas forem parecidas podemos ter...<br />

palavras parecidas e dá muito mais fácil p’ra tirar / ahm... o significado de palavras tem que ter<br />

alguma coisa parecida // porque uma palavra assim afastada... é um bocado difícil<br />

(Apêndice I.4 – nº11).<br />

E mesmo quando esta proximidade é aparentemente grande, poderão ainda<br />

surgir equívocos devido ao modo próprio como cada língua, cada cultura, encara<br />

certos conceitos e, consequentemente, os expressa. Isto mesmo fica patente na<br />

ocorrência que se segue, a qual constituiu um momento de alerta e reflexão sobre a<br />

possibilidade de existência de peculiaridades de visão do mundo intrínsecas às<br />

línguas, neste caso o modo como é encarada, e expressa, a progressão temporal<br />

num texto latino e a sua relação com o acto de recordar 25 :<br />

25 Cf.: we are so accustomed to our own well-worn grooves of expression that they have come to be felt as inevitable. Yet<br />

destructive analysis of the familiar is the only method of approach to an understanding of fundamentally different modes<br />

of expression. When one has learned to feel what is fortuitous or illogical or unbalanced in the structure of his own<br />

language, he is already well on the way towards a sympathetic grasp of the expression of the various classes of concepts in<br />

alien types of speech. Not everything that is “outlandish” is intrinsically illogical or far-fetched. […] A cursory<br />

examination of other languages, near and far, would soon show that some or all of the thirteen concepts that our sentence

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!