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Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

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explicitamente a questão das famílias de línguas, outra temática em que as alunas<br />

revelaram algumas lacunas de conhecimentos (cf. Anexo II.1.1 – 94 a 97).<br />

238<br />

Ao concebermos a tarefa de agrupamento das diversas línguas<br />

apresentadas nos textos do Astérix, com base nas semelhanças e diferenças<br />

detectadas, acreditávamos, com Rousseau (1995), que a consciência da organização<br />

das línguas, em particular da Europa, em famílias, implicando esta organização a<br />

existência de línguas de base, comuns a várias outras que delas derivaram, seria<br />

um factor potencialmente facilitador do processo de compreensão (cf. Capítulo<br />

6.2.4). A nosso ver, porém (e aqui afastamo-nos um pouco do autor acima<br />

mencionado), esta compreensão não derivaria tanto da descoberta de etimologias,<br />

muitas vezes pouco acessíveis a um aprendente de qualquer nível de ensino e<br />

praticamente reservadas a especialistas, mas sobretudo do estado de alerta para a<br />

possibilidade de se encontrarem pontos de contacto com outras línguas da mesma<br />

família da língua-alvo, conhecidas do sujeito, podendo estes pontos variar no grau<br />

de transparência mas, ainda assim, contribuindo para um aumento da confiança<br />

do sujeito, uma maior atenção e reflexão sobre o dado verbal em presença e um<br />

maior à-vontade para arriscar hipóteses, pois, afinal:<br />

(63) P (…) se nos debruçarmos atentamente sobre essa mesma língua / tentado<br />

estabelecer semelhanças e diferenças por exemplo com a nossa língua / depois de sabermos de<br />

onde provém a nossa língua / acabamos por concluir que em termos de compreensão o que é que<br />

acontece? / em termos de compreensão global / globalizante + // o que é que acontece / a que<br />

conclusão chegamos?<br />

(64) N mesmo sem conhecer uma língua... entendemos certas palavras<br />

(Apêndice I.2 – nº8).<br />

Não nos identificamos, por isso, com uma postura que muitos didactas e<br />

professores partilham e de que Dabène nos dá conta:<br />

c'est généralement dans un sens négatif que la proximité a été invoquée,<br />

l’accent étant mis essentiellement sur les différences et encore sur les<br />

ressemblances fallacieuses, sources éventuelles de confusion. […] Cette<br />

perspective conduit, en fin de compte, à considérer l’acquis de l’élève avec<br />

suspicion et à l’utiliser rarement comme outil facilitateur (1996b : 396).

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