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Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

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(cf. Breidbach, 2003), de cujas competências básicas deverá 3 fazer parte o domínio<br />

de línguas com uma dupla função: per comunicare (lavoro, scambi, studi, viaggi…);<br />

per capirsi (tolleranza, solidarietà) (Tomasi, 2004). O carácter necessariamente<br />

múltiplo e plural de uma tal identidade exige, por conseguinte, <strong>dos</strong> europeus a<br />

compreensão e assumpção <strong>dos</strong> repertórios pluriculturais e plurilingues como<br />

elementos constituintes de si próprios e <strong>dos</strong> outros cidadãos (facto dificultado em<br />

particular, segundo Beacco, 2005, pela constituição de uma identidade monolingue<br />

centrada numa língua identitária que oblitera a percepção, pelo sujeito, do seu<br />

próprio repertório plurilingue) e o respeito pelos direitos de to<strong>dos</strong> (linguísticos e<br />

não só): il plurilinguismo riconosce la condizione de inbetweenness linguistico e<br />

culturale che caratteriza la vita in Europa (Brotto, 2004a: 6).<br />

É certo que a problemática da relação do Homem com a(s) língua(s) não é<br />

nova (cf. Eco, 1996); é certo que a comunicação entre povos de culturas e línguas<br />

diferentes sempre existiu (se bem que nem sempre pacífica); é certo que diferenças<br />

culturais e linguísticas dentro de uma mesma comunidade também sempre<br />

existiram (ainda que nem sempre tenham sido reconhecidas ou aceites,<br />

nomeadamente em contexto escolar); é certo que a construção identitária <strong>dos</strong><br />

povos em diferentes partes do globo, com consequências ao nível de<br />

reivindicações, nomeadamente políticas, tem sido indissociável das questões<br />

linguísticas (Benayoun, 2005: 11; A Europa começa com o nascimento das suas línguas<br />

vulgares, e com a reacção, amiúde alarmada, perante a irrupção dessas línguas começa a<br />

cultura crítica da Europa, que se confronta com o drama da fragmentação das línguas e<br />

começa a reflectir sobre o seu próprio destino de civilização multilingue, Eco, 1996: 33); é<br />

certo, ainda, que todas estas questões, do ponto de vista da busca e produção de<br />

conhecimento em diversas áreas do saber, como as que tratam <strong>dos</strong> processos de<br />

3 O uso do verbo "dever" não é uma asserção nossa: esta ideia surge em quase to<strong>dos</strong> os documentos<br />

consulta<strong>dos</strong>, sobretudo de política linguística e educativa. A este propósito, consideramos interessante referir<br />

a reflexão de Pierre Janin: une politique linguistique, c’est une volonté, et, si j’ose la métaphore, ce sont aussi deux<br />

jambes sur lesquelles il faut s’appuyer. La volonté est la suivante: il faut trouver un domaine d’articulation entre les<br />

intérêts des particuliers et l’intérêt général. Actuellement, en Europe et dans le monde, les intérêts particuliers sont<br />

d’apprendre l’anglais […], l’intérêt général de chaque nation, excepté celui des nations anglophones, c’est que nous<br />

préservions nos langues, nos cultures, ainsi que les dialogues qui se font de façon immédiate entre nos langues et nos<br />

cultures (2006a: 22).<br />

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