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Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

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nosso caso particular, não só o aprendente é levado pelo professor a realizar<br />

actividades que provavelmente não realizaria por si, sozinho, com vista à<br />

<strong>aprendizagem</strong>, como o próprio professor é levado a propor actividades nas quais à<br />

partida não pensaria se não fosse a intervenção do investigador e a relação que<br />

entre eles se estabeleceu.<br />

56<br />

A hipótese de uma abordagem etnográfica estava, por isso, posta de parte:<br />

não tínhamos intenção de analisar um contexto pré-existente, mas de provocar<br />

alterações num dado contexto e descobrir possíveis consequências a elas<br />

atribuíveis. A nossa opção metodológica, qualquer que ela fosse, deixaria assim de<br />

lado uma componente fundamental das abordagens etnográficas: a strong emphasis<br />

on exploring phenomena within their natural setting (Anderson, 2002: 121).<br />

A assumpção desta intenção interventiva reflecte ainda claramente a<br />

postura que assumimos perante a nossa investigação, a qual surge intimamente<br />

ligada às motivações que nos conduziram a este trabalho: para nós enquanto<br />

investigadoras, uma investigação em Educação, e mais concretamente em<br />

Didáctica, só adquire sentido se for um processo implicativo (e por isso o vermo-<br />

-nos como “engaged educational researcher”) – implicativo do sujeito-investigador e<br />

do seu percurso pessoal e profissional dentro deste campo; implicativo <strong>dos</strong><br />

sujeitos a quem se destinam as conclusões a que se possa chegar; implicativo das<br />

instituições e grupos sociais simultaneamente fonte e destino do estudo 2 ;<br />

implicativo, enfim, da teoria nas práticas, a fim de minimizar o fosso tantas vezes<br />

denunciado, tanto por investigadores como por docentes <strong>dos</strong> vários níveis de<br />

ensino, entre a pesquisa e as práticas pedagógicas presentes no contexto escolar<br />

quotidiano (Van Der Maren, 1996; Canha, 2001).<br />

Este é o contexto em que, para nós, não faria sentido ter realizado um<br />

trabalho sobre o papel da <strong>Intercompreensão</strong> no ensino-<strong>aprendizagem</strong> de línguas<br />

sem recurso a um local de prática desse ensino-<strong>aprendizagem</strong>; é por estarmos a<br />

lidar com um fenómeno inovador, não tradicionalmente presente nas aulas de<br />

2 Michel Delay, referido por Hadji, propõe a distinção entre as investigações sobre a educação (as que propõem<br />

modelos) e as investigações em educação, que se preocupam também com a eficácia e estão atentas ao uso social <strong>dos</strong> seus<br />

produtos (1991: 40). Nós identificamo-nos claramente com o segundo tipo de investigação apontado.

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