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Maria Leonor Simões dos Santos Intercompreensão, aprendizagem ...

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do outro, a expressão de um vocábulo ou frase, na sua língua, com maior potencial<br />

clarificador, mesmo que o locutor não domine essa língua na perfeição?<br />

No que respeita à vantagem da rapidez, embora não seja o aspecto com que<br />

mais nos identificamos (dissemo-lo já no Capítulo 1.3), ela subentende uma<br />

realidade que pudemos comprovar com a implementação do PP por nós<br />

concebido, e para a qual Ploquin também nos alerta: é que, ao concentrar-se na<br />

competência de compreensão, numa etapa inicial do processo de <strong>aprendizagem</strong> da<br />

LE próxima, o aprendente consegue obter resulta<strong>dos</strong> satisfatórios mais<br />

rapidamente, na medida em que possède quelque chose qui déjà est utile (2006: 18),<br />

que é a capacidade de, a partir da sua LM, compreender da<strong>dos</strong> verbais numa LE.<br />

Este é um factor de motivação, para os sujeitos-aprendentes, qualquer que seja a<br />

sua situação e os seus objectivos de <strong>aprendizagem</strong>, que não é de desprezar.<br />

Quanto à vantagem de valorização das competências receptivas (l’intention<br />

d’enseigner le plurilinguisme receptif, Klein, 2004: 406), que é inegável e que<br />

corresponde aos próprios pressupostos de dissociação e valorização das diferentes<br />

competências linguístico-comunicativas proposta pelo QECR, ela poderá acarretar,<br />

a nosso ver, um risco contra o qual é preciso prevenir: o locutor que se exprime na<br />

sua língua espera ser compreendido pelo seu interlocutor; na mesma medida,<br />

deve estar aberto a que este se exprima na sua própria língua e deve esforçar-se<br />

por compreendê-lo; mas se tal não for possível, se o outro não o compreender, o<br />

que fará? Não se correrá o risco de que se recuse a expressar-se, mesmo que com<br />

falhas, na língua do outro, por achar que ele tem “obrigação” de o compreender?<br />

Ao buscar uma abertura, a <strong>Intercompreensão</strong>, nesta perspectiva, não poderá<br />

causar, in extremis, um fechamento? Ou seja, não se correrá um risco de haver uma<br />

abertura ao Outro, com quem queremos comunicar, e à sua língua, que queremos<br />

compreender, mas, em simultâneo e paradoxalmente, uma recusa dessa língua em<br />

que não nos queremos expressar? Façamos, por um momento, um apelo à nossa<br />

experiência empírica e recordemos se não ouvimos já dizer que os portugueses se<br />

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