26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Posteriormente, ao viajar até São Paulo e Campinas, percebera a imensidão do país e<br />

observara que, apesar do desenvolvimento rápido pelo qual o Brasil passava, a maior parte<br />

das riquezas naturais estava ainda por explorar. Assim, entendeu que no Brasil havia espaço<br />

para até quinhentos milhões de habitantes, que poderiam conviver na “segurança da paz” e<br />

em uma “atmosfera hospitaleira”. Entendeu também que resultava impossível o cálculo da<br />

importância do país para as vindouras gerações, mas que era inquestionável que no Brasil<br />

estava “o futuro do mundo”.<br />

O austríaco expressou que essa primeira revisão sua fizera com que se desvanecesse<br />

a sua “presunção européia que muito superficialmente trouxera como bagagem”. Portanto,<br />

no início da Segunda Guerra Mundial, espantado com a “Europa suicida”, decidira se<br />

retirar desse “mundo que se destrói” e residir “no mundo que se desenvolve de maneira<br />

pacífica e fecunda” (Zweig, [1941] 1960: 5). Stefan Zweig, ainda que não renegasse da<br />

Europa, mas sim da sua circunstância, retirou-se dela, porém não assumiu que a sua<br />

determinação envolvia o exílio, e que só poderia permanecer nele enquanto as autoridades<br />

locais lho permitissem. Zweig, conseqüentemente, indica que escolhera o Brasil, como<br />

destino para o seu retiro indeterminado, pelas boas impressões que o país lhe causara<br />

durante a sua primeira e breve estadia e devido à vontade, que então tivera, de descrever<br />

pormenorizadamente o país.<br />

Observa-se que Zweig justifica com duas argumentações a sua presença no Brasil.<br />

Se, por um lado, esta se devia à sua necessidade de se retirar da Europa, por outro, ele<br />

solapa o seu exílio, argüindo que o intuito que o fez ficar no país estrangeiro era a<br />

elaboração de um tratado descritivo a partir de apreciações obtíveis na vivência in loco. Diz<br />

Zweig ([1941] 1960: 5): “afinal cheguei de novo a este país, mais bem preparado do que<br />

anteriormente, a fim de tentar fazer dele uma pequena descrição”. É claro que, ao enunciar<br />

que estava “mais bem preparado”, Zweig indiretamente reconhece que ele estava<br />

predisposto para a admiração do que enxergasse 69 .<br />

69 Ao se referir às mudanças infraestruturais do Brasil no capítulo intitulado Economia, Zweig ([1941] 1960:<br />

106-07) destaca os avanços que ele observou que aconteceram no Brasil entre a sua primeira visita e a sua<br />

segunda estadia. Ele louva os efeitos das ações empreendidas na saúde pública, pois se combateram algumas<br />

doenças infecciosas – cita a sífilis – e se executaram projetos sanitários para diminuir a insalubridade do Rio –<br />

“uma das mais seguras cidades do mundo” –. Assinala os melhoramentos nas comunicações através do<br />

transporte aeroviário e os efeitos causados pela extensão da refrigeração às residências e aos escritórios. Esses<br />

efeitos consistiam no aumento, no clima tropical, da capacidade de trabalho. Ao respeito declara: “Já hoje<br />

quem, passados alguns anos, volta a este país, fica constantemente surpreso de ver que coisas admiráveis ele<br />

103

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!