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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Terra), Toureiro (carnaval de 1951, Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), Chiquita (carnaval de 1951,<br />

Milton-Baiano) 377 , Essa não (carnaval de 1952, J. Piedade e W. Goulart), Espanhola divinal<br />

(carnaval de 1952, Ivo Santos e Bruno Gomes), Festa espanhola (carnaval de 1953, Haroldo Lobo e<br />

Wilton de Oliveira), Toureiro Valente (carnaval de 1953, Herivelto Martins e Paulo Medeiros),<br />

Carmen (carnaval de 1955, Wilson Batista e Jorge de Castro), Ovo de Colombo (carnaval de 1955,<br />

Aldair Louro, Edgard Carvalho e Ivo Santiago), Rebola Feola (carnaval de 1959, J. Campos,<br />

Sacomani e Toninho), Marcha do Boi (carnaval de 1959 Jorge de Castro e Wilson Batista), Carmem<br />

Sevilha (carnaval de 1959, J. Ruy, O. Monello e W. Fernandes) 378 (Pinto do Carmo, 1959: 26).<br />

seguinte: “Encontrei uma espanhola,/ diferente das demais.../ Ela é boa e não é nada exigente/ se eu sou<br />

franco ou não sou franco,/ tanto faz.../ Ela é filha de Sevilha,/ uma maravilha,/ nem no céu tem coisa assim,/ o<br />

Manolo que era uma tolo [sic]/ sobrou e a espanhola foi por mim”. De Pepita, Pinto do Carmo inseriu o<br />

seguinte trecho: “Eu vim aqui/ Buscar Pepita./ Na Espanha ninguém mais sorri/ E sem ela não há mais<br />

touradas/ Lá em Madri./ Quem matou o Manolete/ Não foi o touro não,/ Pum, pa-ra-tum! Pum/ Foi a saudade<br />

da Pepita/ Que fez sangrar o seu coração” e esclarece “[a fugitiva Pepita] Grandemente apreciada, contém<br />

uma pequena nostalgia; não, porém, do alegre brasileiro. Pepita está aqui, feliz, lépida e faceira conquistando<br />

corações. Assim, não é nossa a tristeza de que fala e canta o autor”. Do ano 1949, Pinto do Carmo também<br />

apreciou a presença de motivos espanhóis na marcha Fantasia escocesa (nos versos “Pierrô uma espanhola<br />

viu/ Não sentiu nenhuma emoção”). Sobre eles apontou o seguinte: “o pierrô era... diferente. Com efeito, não<br />

haverá ninguém que fique sem emoção, inerme, ao ver uma espanhola, principalmente no Carnaval e dessas<br />

que evocam a alma ardente de seu povo”.<br />

377 Pinto do Carmo (1960: 29) considera que é “significativo” o encontro, no carnaval brasileiro, deste com as<br />

touradas espanholas, pois com ele surge uma “evocação sincronizada das duas maiores festas populares iberoamericanas”.<br />

Das marchas de 1951 com motivos saídos da percepção brasileira das touradas espanholas, Pinto<br />

do Carmo (1960: 30) acredita que A los toros foi a de maior sucesso, da qual reproduz o seguinte trecho: “A<br />

los toros!/ a minha vida está em fogo./ A los toros!/ a minha vida está em fogo./ E quando eu chego numa/<br />

arena/ entro logo com o meu jogo,/ faço vibrar corações./ Ai meu Deus/ Ai de mim/ Se falho o golpe/ Qual<br />

será o fim?”. Ao seu respeito, o autor comenta que “O título da música reflete o de conhecido brocardo<br />

genuinamente castelhano. O seu significado é, como que, um desafio, uma reivindicação. Não tem ele, na<br />

canção nossa, o mesmo sentido original. Assemelha-se-lhe, entretanto. O folgazão de cá faz aquecer corações<br />

mas, numa arena, teme que não lhe seja favorável a sorte”. De uma outra marcha desse ano, Toureiro de<br />

Cascadura, destaca o seguinte trecho, em que se contém uma expressão lúdica da rejeição das corridas:<br />

“Touro, touro, touro!/ Só no gancho do açougueiro./ Touro, touro, touro!/ Só na lista do bicheiro.” No trecho<br />

da marcha Toureiro que transcreve Pinto do Carmo (1960: 31) observa-se, no entanto, a valorização que<br />

recebe o toureiro para atração que ele provoca nas mulheres. Nesse sentido, o autor opina “Não é sem razão,<br />

pois, o amor do toureiro carnavalesco pela sua sempre presente Manolita que, com os seus carinhos, o leva a<br />

qualquer parte e lhe aumenta a destreza na praça da folia”. O trecho é este: “Toureiro!/ Sou toureiro de Madri/<br />

Sou toureiro, sou valente/ E nunca na arena/ Pra um touro perdi./ Mas, se eu sou um bom toureador/ É porque<br />

Manolita bonita/ Me deu o seu amor./ Se eu vou a qualquer parte da Espanha/ Manolita me acompanha/ Pra<br />

ela sou o maior toureador/ E ela é o meu grande amor.” A galhardia do matador e a paixão que desperta entre<br />

as sua entusiastas é também um dos motivos temáticos de Chiquita: “Fui a Espanha ver Granada/ E os<br />

toureiros de valor/ Trouxe a alma apaixonada/ E esta canção de amor./ Eu quero ser toureiro/ Para poder<br />

ganhar/ Uma florzita de uma Chiquita/ Que fez meu coração se apaixonar/ Quero ganhar dinheiro/ Pra poder<br />

voltar/ Eu já jurei que morro solteiro/ Se com aquela chica não casar.”<br />

378 Nas marchas Espanhola divinal, Toureiro Valente, Carmen e Carmen Sevilha a mulher espanhola,<br />

apresentada sob características estereotipadas da madrilenha ou da andaluza, converte-se em motivo temático<br />

relacionado com a atração e a paixão. Pinto do Carmo (1960: 32-33) acredita que a inserção de motivo<br />

relacionados com as festas da Espanha e com a mulher e o toureiro como protagonistas dessas festas<br />

“denuncia a forte atração que nos prendem as espanholas” e mostra o “interesse e simpatia pelas coisas<br />

castelhanas”. Ele recortou alguns trechos dessas marchas; da primeira delas, o fragmento transcrito é o<br />

seguinte: “Espanhola, espanhola,/ por caridade meu benzinho, me dê bola./ Vamos, decida agora,/ Você é a<br />

pequena/ Que mamãe pediu pra nora.” Uma representação das festas espanholas – madrilenas – está contida<br />

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