26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Francisco Xavier e São Francisco de Borja, que são “do nosso sangue” e por na igreja haver<br />

um relicário do Duque de Gandia.<br />

Refere-se o autor a um português – Júlio Correia -, presumivelmente um imigrante.<br />

Esse português converte-se no estrangeiro a quem Las Casas presta mais atenção. A partir<br />

dele comenta uma impressão contrastante que ele tinha dos portugueses em comparação<br />

com os outros europeus:<br />

Um português – Sempre tive a impressão de que o português é o europeu que vive melhor. Tenho<br />

milhares de amigos na adorável pátria de Camões e, convivendo intimamente com eles, cheguei a<br />

esta conclusão que, depois, comprovei pelo mundo fora freqüentando o convívio com emigrantes de<br />

todas as classes sociais.<br />

Cá encontrei outro português de raça: Júlio Correia. Sua casa é uma estampa lusitana. Muita luz,<br />

muitos livros, muitos retratos, uma oleografia de Salazar e uma bandeira monárquica, muitas pratas<br />

do Porto, muitas garrafas de vinho velho, muitos móveis de João V, muitos pássaros... E a mais<br />

efusiva e cativante hospitalidade (Las Casas, 1939: 157).<br />

Las Casas recomenda fazer uma excursão de Salvador a Cachoeiras, de navio, pelo<br />

rio “Paraguassú”. Diz que ele foi em um iate na companhia de um grupo de professores e<br />

alunos – “todos eles moços gentilíssimos, talentosos, cultos... “ – da Escola Politécnica. A<br />

respeito desses alunos confessa que “Daria a vida por ser professor de uma turma assim” e<br />

sobre a gentileza das pessoas que encontrou nos portos em que o navio se deteve assevera:<br />

“Quem duvidar da hospitalidade brasileira, não merece andar entre os homens de bem”<br />

(Las Casas, 1939: 165). Recomenda ver em Cachoeiras a Prefeitura, a igreja da Ordem<br />

Terceira do Carmo, a Matriz, o Seminário de Belém e a fábrica de charutos Danneman,<br />

onde os recebera o seu diretor, João Adolfo Jonas Filho, “que nos recebeu como se<br />

fôssemos príncipes” (Las Casas, 1939: 166).<br />

Seção própria recebem a “comida africada” de Salvador e “os cultos africanos”. De<br />

fato, Las Casas fez-se membro da União das Seitas Afro-Brasileiras, guiado pelo<br />

conselheiro jurídico dessa associação, o “culto advogado” Dr. Álvaro Mac-Doweell de<br />

Oliveira e por Ruth Landes, pesquisadora do “Instituto Rockefeller” e da Universidade de<br />

Columbia. Com eles compartilhou um almoço, cujo cardápio menciona e comenta – acaçá,<br />

aruá, bobó, inhame, ebô, acarajé, vatapá, abará, caruru –, chegando, inclusive, a indicar o<br />

modo de preparo e a esclarecer que “Se vocês prepararem este menu e não saborearem um<br />

almoço gostosíssimo, a culpa é minha que não expliquei direito, ou esqueci alguma coisa.<br />

778

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!