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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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campos sociais locais dos nativos, em atribuições intelectuais e políticas prestigiosas ou,<br />

quando menos, atraentes, para os imigrantes.<br />

Todavia, entre os imigrantes e os asilados, e os estrangeiros não-imigrantes, pode<br />

também se tecer um campo de lutas a partir de ressentimentos, desconfianças e<br />

discordâncias baseados nas posições diferentes que ocupam e no caráter conflitante dos<br />

seus talantes. Nessa situação, os asilados e os estrangeiros não-imigrantes, embora saibam<br />

que fazem parte de um grupo nacional estrangeirado que também abrange os imigrantes,<br />

em vez de se sentirem solidários como esse coletivo, podem renegar das imagens<br />

associadas a ele e recusar-se a se integrarem na nação da diáspora, para se identificarem,<br />

unicamente, da sua individualidade, com a nação que permaneceu no território pátrio.<br />

Na realidade, perante a sociedade que os acolheu, os imigrantes e os asilados<br />

compartilham um mesmo estatuto do estrangeiro e ambos os grupos conservarão a<br />

tolerância que os protege no país de acolhida enquanto se mostrem úteis para essa<br />

sociedade. Paralelamente, ambos os grupos representam uma falência da nação que não foi<br />

capaz de os reter como trabalhadores ou que mesmo os expulsou por desentendimentos ou<br />

rivalidades ideológicas. Nesse sentido, com isenção de suspeitas sobre as benesses dos<br />

países de origem, só pode ser compreendida a saída de estrangeiros não-imigrantes e nãoasilados<br />

quanto estes fazem parte de quadros profissionais reputados ou de missões<br />

culturais. Os estrangeiros não-imigrantes que têm poder gozam de respeito e causam<br />

fascínio, embora procedam de um país onde agentes com o seu perfil são excedentes; eles<br />

convertem-se, inclusive, em metonímias difusoras das representações positivas do país ao<br />

qual são vinculados, podendo chegar a imporem usos e critérios que serão reproduzidos<br />

pelos nativos. Sobre esses estrangeiros com capacidade de gerar emulações no país receptor<br />

correr-se-á o risco de que recaiam discursos e ações de repúdio geradas desde posições<br />

nacionalistas que sentem ameaçados os seus valores. Todavia, os emigrantes/ imigrantes,<br />

unicamente circunscritos à condição de mão-de-obra, carecem de um poder simbólico que<br />

projete imagens sobre eles que transcendam o que se espera da figura de um bom ou mau<br />

trabalhador estrangeiro.<br />

De todas as formas, os limites entre as posições ocupadas, nas sociedades de<br />

acolhida, pelos imigrantes e asilados podem ser muito tênues. Há asilados que se recusam a<br />

serem reconhecidos nas idiossincrasias dos imigrantes. Na introdução deste trabalho<br />

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