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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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morava nos sertões do Centro-Oeste e que estava, portanto, isolado das supostas espantosas<br />

colônias de galegos reunidas paulatinamente, ao longo dos séc. XIX e XX, no litoral.<br />

Declaro, sem ânimo de forjar uma ilusão biográfica, que nunca procurara um estrangeiro<br />

que tivesse no espanhol a sua língua materna para participar de uma comunhão identitária e<br />

que nunca me reunira com outros galegos no Brasil para matar saudades.<br />

A possibilidade de realização da presente investigação foi-me comunicada, com<br />

diplomacia, mas sem contemplações, por quem fora o meu orientador de tese de<br />

licenciatura. Estávamos em junho do 2001; este doutorando, por imperativos acadêmicos e<br />

familiares, desfrutava de mais uma breve, e cíclica, estadia na Galiza. Também aproveitava<br />

a conjuntura para participar de um Seminário polissistêmico com Itamar Even-Zohar, um<br />

evento que, na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela (USC),<br />

coordenava o meu diretor de dissertação. Em uma daquelas noites acadêmicas de debates e<br />

jantares do teórico de Telavive com integrantes e simpatizantes do Grupo Galabra, o Prof.<br />

Dr. Elias José Torres Feijó informou-me da sua indução: cumpria sopesar a possibilidade<br />

de análise da produção cultural dos galegos do Brasil, das representações deles, das suas<br />

estratégias de sucesso, da literatura escrita por eles, do seu horizonte de expectativas, da<br />

criação de energias identitárias, das imagens recíprocas entre o Brasil e a Galiza, etc., isto é,<br />

cumpria investigar por que, no ano 2001, se sabia tão pouco sobre os imigrantes galegos do<br />

Brasil se comparados com os dos outros países em que eles se assentaram na América. E eu<br />

devia refletir, desde logo, acerca das minhas condições para assumir alguns aspectos dessa<br />

empreitada. Eu teria quase que partir de zero. Recebi o conselho de estudar, sem limitações<br />

prévias, tudo o que tivesse a ver com a imigração galega no Brasil para poder logo<br />

encontrar um foco estruturante. Todavia, eu cria que nada disso se correspondia com o que<br />

fora a minha pretensão inicial.<br />

Por então, eu desejava estudar a relação tecida entre a política cultural do Estado<br />

Novo, a Marcha para o Oeste e a literatura sobre o trópico sub-úmido das décadas de 1940<br />

e 1950 2 . Pesquisas precedentes, uma relativa fortuna bibliográfica reunida sobre essas<br />

2 O Estado Novo foi decretado pelo presidente Getúlio Vargas aos 10 de novembro de 1937 mediante um<br />

auto-golpe. A justificativa principal dada para a imposição desse regime de natureza autoritária, centralista e<br />

retoricamente corporativista centrou-se na ameaça que criava a iminência da guerra civil e da guerra mundial.<br />

O grupo das lideranças nacionalistas que incentivou e tramou o golpe era formado pelo ministro Eurico<br />

Gaspar Dutra – chefe do Estado-Maior do Exército –, pelo chefe da polícia, Filinto Müller, e por Francisco<br />

Campos, principal ideólogo do poder autoritário que logo seria nomeado ministro da Justiça e redigiria a<br />

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