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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Imaginava o plano a possibilidade de tomar a pequena guarnição lá existente, obtendo armas e<br />

equipamentos (lanchas de longo alcance) que permitissem a chegada ao continente. A estrutura da<br />

organização, através de contatos a serem mantidos com os governos de ex-colônias na África, daria<br />

suporte para levar os comandos a um dos novos países que serviria de base para continuação da luta.<br />

O nome dado, originalmente, por Velo à terceira ação foi “Operação Compostela”. A homenagem à<br />

cidade galega tinha o significado da anunciação.<br />

Acreditamos que essa auto-entrevista de Victor Velo é o quarto escrito de um<br />

comando do DRIL, participante da terceira operação, sobre os pormenores da tomada do<br />

navio. O parecer de Victor Velo é, por outro lado, o único que foi composto passada a<br />

ebulição do acontecimento, quando este deixou de ter repercussão política para se tornar<br />

objeto de pesquisa; esse parecer é, além do mais, a única visão que não parte de um dos<br />

coordenadores da operação. Dois dos outros testemunhos foram redigidos ainda no<br />

primeiro semestre de 1961 e publicados nesse ano em São Paulo. Um deles é a breve<br />

declaração (duas laudas) do diretor geral do DRIL, Pepe Velo, sob o pseudônimo de Carlos<br />

Junqueira de Ambía, inserida a modo de prefácio na narração sobre o assalto composta pelo<br />

jornalista chileno Hernán Muñoz Garrido, intitulada Alô, alô... “Santa Maria” chamando!<br />

(Muñoz, 1961). O outro é o livro mencionado do coordenador do DRIL pela parte<br />

portuguesa, o capitão Galvão, intitulado Minha cruzada pró-Portugal – Santa Maria<br />

(Galvão, 1961). Neste último, o autor apresenta os motivos que, do inicial entusiasmo com<br />

o Estado Novo, o acabaram levando a combater, manu militari, Salazar. Para isso, na<br />

primeira parte do livro – Como se instalou e tem substituído a ditadura em Portugal<br />

(Algumas páginas prefaciais de História contemporânea) – lavra uma exposição em que se<br />

remonta à sua revolta contra o sistema de exploração colonial na África, à sua denúncia do<br />

mesmo e ao seu passo à beligerante oposição, o qual repercutira nele com a esperada<br />

repressão e perseguição, passando então à clandestinidade e ao exílio. No tocante ao<br />

apresamento e ocupação do Santa Maria, comentados na segunda parte do livro –<br />

Dulcinéia, “Por nossa Dama-A Liberdade dos Povos Ibéricos“ –, Galvão ignora<br />

nominalmente Pepe Velo e, como já destacamos, só o menciona uma vez pelo codinome<br />

“Junqueira da Ambia” (Galvão, 1961: 110), mas sem o identificar como diretor geral do<br />

DRIL.<br />

Galvão (1961: 96-97) qualifica, porém, o primeiro organizador do grupo espanhol<br />

com o que entra em contato. Define-o como “um retórico alucinado, mais poeta do que<br />

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