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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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cuidado das possessões fundiárias o resto da família. Outra conseqüência dessa relação com<br />

o domínio da terra foi que as famílias andaluzas se tivessem que estabelecer, durante os<br />

primeiros anos da sua vida no Brasil, como peões braçais contratados para as lavouras nas<br />

fazendas do café e do algodão. Esse serviço era a forma de retribuir as passagens gratuitas,<br />

mas vinculantes, que ofertava o governo do Estado de São Paulo para abastecer de mão-deobra<br />

as tarefas do campo. Quando o compromisso era cumprido pelos imigrantes, estes<br />

ganhavam autonomia para se transferir a outra fazenda, renegociar o contrato com o<br />

proprietário do latifúndio, arrendar um terreno para cultivá-lo, ou instalar-se em uma cidade<br />

para se dedicarem ao comércio ou à indústria. Os primeiros espanhóis que se assentaram<br />

em Sorocaba fizeram-no logo de ter trabalhado vários anos no meio rural, morando em<br />

ranchos de sapé. Em Sorocaba passaram a morar em casas simples com fachadas decoradas<br />

com motivos arabescos que, imitando o estilo das vivendas populares andaluzas, eram<br />

construídas em lotes baratos dos morros ou em imóveis distantes do centro da cidade.<br />

Como pioneiros, puderam depois remitir cartas de chamada a parentes ou vizinhos para<br />

evitarem que estes tivessem que cumprir o passo pelas fazendas paulistas criando-se, desse<br />

modo, a cadeia imigratória direta entre patrícios. A rede de imigração tendida pelos galegos<br />

de Salvador baseia-se no autofinanciamento da passagem marítima, com os recursos<br />

pessoais de emigrante ou através de um empréstimo, para poderem gerir com maior<br />

liberdade o destino e livrar-se do trabalho compulsório das fazendas. Ao emigrarem<br />

inicialmente à Bahia só os homens jovens com o propósito do enriquecimento rápido para<br />

retornar com o lucro ao lugar de origem, escolhiam-se profissões urbanas onde se<br />

acreditava poder lograr um mais rápido sucesso. Além disso, como pequenos proprietários<br />

rurais, os galegos não estavam dispostos a trabalharem terras alheias.<br />

As profissões dos andaluzes de Sorocaba estão relacionadas com a comercialização<br />

das safras dos produtos em cujo cultivo se especializaram. Em Sorocaba estenderam a<br />

cultura da cebola, da batata inglesa, de hortaliças e dos cítricos e promoveram o seu<br />

comércio, atacadista e varejista, vendendo fiado por meio das cadernetas 268 . A peste que<br />

268 Oliveira (2000: 99-102), amparando-se no artigo “Influências dos espanhóis nos costumes de Sorocaba”<br />

publicado pelo historiador Aluísio de Almeida no jornal sorocabano Cruzeiro do Sul menciona a conservação<br />

da gastronomia mediterrânea na culinária cotidiana dos imigrantes andaluzes durante a primeira metade do<br />

séc. passado. Alguns pratos – as migas, as gachas, o puchero, a sopa de grão-de-bico, junto à elaboração<br />

artesanal do anizete e ao costume cerimonioso da matança do porco – tornaram-se traços identitários que<br />

reportavam diretamente à alimentação da colônia. Da mesma forma, o autor comunica que três novidadeiras<br />

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