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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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2.º - na Noite das Garrafadas não se matou gallego nenhum. Os gallegos é que mataram, se é que<br />

houve alguma morte. Na memorável noite de 13 de março nós é que levamos uma tremenda sova dos<br />

portugueses.<br />

O Mata gallego, isto é, a sova que demos nos portugueses, isso foi depois.<br />

E contar essa nossa desforra é contar toda a fremente historia da revolução de 31, que culminou<br />

vitoriosa com o 7 de abril (Corrêa, 1933 : 9).<br />

Para Viriato Corrêa, a fundação revolucionária da nacionalidade é consubstancial à<br />

simbólica sova que os nativos – os filhos da terra – deram aos portugueses em 7 de abril. E<br />

ele acredita que as realizações dessa data devem ser detidamente estudadas e comemoradas.<br />

O 7 de setembro de 1822 só seria, então, a data da emancipação política, mas a vassalagem<br />

perante Portugal mantivera-se e o Brasil continuou sendo um território cuja<br />

governabilidade dependia dos interesses de Portugal, cujos cidadãos chegaram, inclusive, a<br />

constituir um partido no Rio de Janeiro. O autor (Corrêa, 1933: 10) acredita que o “grito de<br />

Ipiranga foi um passo para a Independência, mas não foi a Independência. O monarca era<br />

português, as autoridades portuguesas, portuguesa a camarilha, portuguesa a vontade que<br />

nos governava. Ser brasileiro era quase um crime”. Fora preciso, portanto, conseguir a<br />

plena redenção, o qual implicava doblegar o elemento português através da violência e da<br />

expulsão, sob a fórmula da abdicação, de D. Pedro I, apelidado pelo autor como “o Quixote<br />

das Constituições” e por ele apresentado como paradigma do talante lusitano. O feitio<br />

português é assim descrito na obra:<br />

foi sempre duro, áspero, intolerante, autoritário, cabeçudo, intransitável. É um povo sem contornos,<br />

de arestas contundentes.<br />

Esse feitio fez o seu sucesso na vida, como também fez o seu desastre.<br />

Enquanto lutou com as coisas brutas – venceu; quando teve que ajeitar as coisas, quando, para<br />

conservá-las, se tornou necessário pôr em evidencia qualidades de cordura, transigência, conciliação,<br />

diplomacia – caiu, perdeu tudo.<br />

A função faz o órgão. Os povos são índices do seu passado. O português das primeiras eras esteve<br />

sempre a lidar com os aspectos rudes da vida. Ora em guerras longas, em batalhas tremendas, coberto<br />

de armaduras, pisando cadáveres, escalando paredões de castelos, matando, morrendo. Ora no convés<br />

das naus, no mar alto, arriando e subindo velas, em luta com os ciclones. Ora em paises virgens,<br />

defrontando a hostilidade traiçoeira da natureza e dos naturais.<br />

Não é com plumas e maneiras gentis que se vencem esses embates. É com bruteza, com ferro, com<br />

fogo. Com impavidez, tenacidade, invacilável tenacidade. E com uma titânica força de domínio que<br />

não respeite obstáculos.<br />

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