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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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NÃO-IMIGRANTES. Já agora “imigrante” não era, como nas legislações anteriores, o “estrangeiro<br />

que pretendesse, vindo para o Brasil, nele permanecer por mais de trinta dias, com o intuito de<br />

exercer sua atividade em qualquer profissão lícita e lucrativa”, mas os “agricultores” e “técnicos<br />

contratados”, aqui entrados pelo processo da “carta de chamada”, isto é, uma autorização de livre<br />

embarque e desembarque em território nacional, enviada ao imigrante pelas autoridades policiais e<br />

consulares (Ramos, [1943] 1962: 26).<br />

Esse autor identificou a figura do colono com o trabalhador estrangeiro e, no seu<br />

juízo, o regulamento da colonização de um país com imigrantes correspondia às<br />

autoridades nacionais desse país. Outra visão, própria de autores residentes no país que<br />

exporta a mão-de-obra, é a que considera a colonização de um território estrangeiro um<br />

direito natural da nação à qual ele pertence e um dever moral dessa nação pelas virtudes<br />

civilizatórias do povo colono. Em Mein Kampf, Adolf Hitler ([1925] 2001) justificava que<br />

quando o espaço natural da raça ariana não comportasse o sustento de todos os alemães,<br />

eles, em uma marcha para o leste [Drang nach Osten] poderiam partir na procura de novos<br />

territórios – o espaço vital [Lebensraum] –, não como imigrantes, senão como<br />

conquistadores:<br />

A Áustria alemã deve voltar a fazer parte da grande Pátria germânica, aliás sem se atender a motivos<br />

de ordem econômica. Mesmo que essa união fosse, sob o ponto de vista econômico, inócua ou até<br />

prejudicial, ela deveria realizar-se. Povos em cujas veias corre o mesmo sangue devem pertencer ao<br />

mesmo Estado. Ao povo alemão não assistem razões morais para uma política ativa de colonização,<br />

enquanto não conseguir reunir os seus próprios filhos em uma pátria única. Somente quando as<br />

fronteiras do Estado tiverem abarcado todos os alemães sem que se lhes possa oferecer a segurança<br />

da alimentação, só então surgirá, da necessidade do próprio povo, o direito, justificado pela moral, da<br />

conquista da terra estrangeira (Hitler, [1925] 2001: 5) 97 .<br />

No texto El Ba’th frente a las conspiraciones de la deformación y la falsificación 98 ,<br />

o ideólogo Michel Aflaq expõe o que se segue em relação à idéia da unidade árabe e às<br />

argumentações que foram dadas às massas para justificar os enfrentamentos, e a<br />

conseguinte divisão, entre o Partido Ba’th da Síria e do Iraque e a ruptura com o Egito<br />

nasserista. Ele visa explicar como uma nação – a árabe – foi vilmente separada em estados<br />

que fizeram com que sujeitos de uma mesma nação, e com uma pátria comum, sejam<br />

97 Essa citação faz parte do primeiro capítulo – Na casa paterna – do primeiro volume Eine Abrechnung<br />

[Retrospecção] de Mein Kampf, publicado em 18 de julho de 1925 pela editora britânica Secker and Warburg.<br />

98 Nesse texto reúnem-se o discurso pronunciado aos 8 de fevereiro de 1965 por Michel Aflaq, denunciando a<br />

conspiração da deformação e falsificação que segundo ele afetava o movimento revolucionário árabe, e o<br />

artigo Llamamiento a la responsabilidad histórica, sobre a necessidade de manter a unidade de visão e decisão<br />

entre todos os árabes, que Aflaq divulgara seis anos antes.<br />

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