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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Gerais, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro – os imigrantes galegos organizaram clubes.<br />

Deles, somente dois, o da cidade de São Paulo e o da cidade do Rio de Janeiro, receberam o<br />

nome de Centro Galego, sendo, o carioca, dissolvido na década de 1930, e havendo-se, no<br />

paulistano, fusionado o Centro Republicano Espanhol nos anos 40 para, depois, se<br />

transformar no Centro Democrático Espanhol, no qual a maioria dos sócios passou a ser<br />

composta por espanhóis não galegos. Observamos que esses clubes tiveram, como missão<br />

básica, a promoção do convívio entre os sócios em atividades de lazer e comprovamos que<br />

a sua vinculação a causas políticas espanholas foi anulada como conseqüência das<br />

proibições de engajamento político dos estrangeiros decretada durante a presidência de<br />

Vargas, unicamente mantendo um declarado objetivo político – a denúncia do regime<br />

franquista – um deles, o Centro Democrático Espanhol. Nesse capítulo quarto, mostramos<br />

que os periódicos em espanhol publicados durante a primeira grande imigração por<br />

espanhóis residentes nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro tiveram uma existência<br />

efêmera, não havendo, no final da década de 1940, nenhum periódico em circulação, um<br />

fato motivado pela proibição, no Estado Novo, de que se editasse no Brasil imprensa em<br />

língua estrangeira.<br />

Ao recopilarmos a produção cultural escrita dos imigrantes galegos nesses estados<br />

para ponderar em que grau se manifestara, nela, o galeguismo, percebemos que ela era<br />

muito escassa. Nesse sentido, observamos que, na sua maioria, os imigrantes galegos se<br />

comportaram estritamente como tais, isto é, como trabalhadores estrangeiros cuja presença<br />

no Brasil não se devera à demanda de realizações intelectuais, senão à execução de tarefas,<br />

próprias da mão-de-obra, na agropecuária, na indústria e nos serviços. Assim se tratando, a<br />

associação entre eles só aconteceu com fins empresariais, de socorros mútuos e de lazer,<br />

mas não culturais. As representações dos galegos feitas nos discursos de autores brasileiros,<br />

e de estrangeiros não-imigrantes, que comentamos mostram, predominantemente, sujeitos<br />

pacatos, de pouca cultura e sem inquietudes intelectuais, aferrados ao seu destino de<br />

imigrantes, ou seja, ao destino de sujeitos concentrados na sua missão de reunirem<br />

poupanças através da execução de qualquer tarefa relegada aos estrangeiros. Essas<br />

representações alcançam o deboche na novela Vida, paixão e morte republicana de Don<br />

Ramón Fernández y Fernández, do brasileiro Nélson de Araújo, quem, com a exceção de<br />

“Ramón Fernández”, retrata a colônia galega da Bahia como um conjunto de sujeitos<br />

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