26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

III. 1. 10. O imigrante frente ao turista<br />

Uma situação completamente diferente é a vivida pelo sujeito estrangeiro que se<br />

apresenta e age como turista internacional. Ele não se deslocou até outro país na procura de<br />

trabalho; as causas da sua partida também não se deveram à fugida de um conflito e da<br />

perseguição derivada. Esse turista, como estrangeiro, encontra-se no exterior – um espaço<br />

exterior aonde não o conduziu o banimento –, porque decidiu folgar em um país diferente<br />

àquele onde tem a sua residência fixada e, talvez, porque também decidiu observar e<br />

apreender, in loco, as características desse outro e entrosar com uma sociedade que, para<br />

ela, é estrangeira.<br />

O turista reconhece-se como potencial observador e sente-se legitimado para<br />

escrutar e para emitir o seu parecer acerca do que tem inquirido. A folga, o espairecimento<br />

e a diversão podem bastar como justificativa para os turistas cujas pretensões não vão além<br />

do descanso. O turista, no entanto, que se sabe reflexivo acredita que o cometimento que<br />

deve assumir com a sua viagem, tanto para ampliar a sua formação quanto para cumprir<br />

uma missão, é a observação detida e a valorização do observado com vistas à transmissão,<br />

aos seus patrícios e/ ou aos aborígines do lugar visitado, de um relato sobre a experiência<br />

tida como viajante. Nesse relato contêm-se os episódios avaliados de maior interesse por,<br />

em primeiro lugar, constarem informações úteis para aqueles que desejem ou repetir a<br />

viagem que o turista fez ou, simplesmente, se instruírem sobre esse país estrangeiro. Em<br />

segundo lugar, crê-se que as impressões de viagem do relato podem apresentar, aos nativos,<br />

aspectos característicos dos seus campos sociais que fogem da percepção deles por eles<br />

carecerem de elementos contrastivos que permitam singularizar o próprio.<br />

No seu relato, o turista reflexivo declara com freqüência o seu convencimento de<br />

haver sido capaz de captar nuanças intrínsecas aos campos sociais vistos por ele das quais<br />

ainda não se tivera conhecimento. Trata-se de aspectos relativos ou ao comportamento de<br />

algum sujeito representativo observado ou ao funcionamento de algum campo social.<br />

No séc. XX, o turista era consciente de que as paisagens e a natureza não<br />

guardavam mais grandes segredos, a não ser que fosse da óptica especializada de um<br />

cientista. Portanto, o turista concentrou-se, por um lado, no exame do modo de vida nas<br />

cidades, procurando tanto se inserir na cotidianidade quanto se deparar com o<br />

176

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!