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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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encerra-se com uma Tabela Cronológica da história do Brasil; essa tabela inicia-se com a<br />

partida de Lisboa da esquadra de Cabral e finaliza indicando-se a Revolução de 1930 –<br />

“Getúlio Vargas assume a presidência-1930” –.<br />

Citamos a seguir umas passagens que consideramos paradigmáticas da disposição<br />

de Zweig como observador do Brasil. A primeira refere-se à sua compreensão da miséria<br />

do Rio de Janeiro e a segunda à sua análise do fenômeno imigratório europeu no Estado de<br />

São Paulo. Em ambas, o talante e a conduta do povo brasileiro, por um lado, e a diacrônica<br />

orientação natural seguida por esse povo para o convívio cordial e para a assimilação dos<br />

alienígenas, por outro, são o motivo que leva Zweig a apresentar o Brasil como o país do<br />

futuro. Assim, a prosa que recolhe as impressões de Zweig sobre o Rio mostra um<br />

observador felizardo, que se compraz com o relaxado modo de vida e com os gostos frugais<br />

dos cariocas:<br />

No Rio a vida pode ser boa para todos. A idéia de aqui ser rico, de viver em uma dessas casas<br />

maravilhosas cercadas de parques e situadas e situadas nos outeiros da Tijuca, é muito sedutora. É<br />

mais fácil ser pobre aqui do que noutra cidade. O mar é livre para o banho, e a beleza para todos os<br />

olhos; as pequenas necessidades da vida custam pouco dinheiro, as pessoas são afáveis e é infinda a<br />

multiplicação das pequenas surpresas diárias que fazem feliz uma pessoa, sem que ela saiba o porquê<br />

disso. [...] Algumas das coisas singulares, que tornam o Rio tão colorido e pitoresco, já se acham<br />

ameaçadas de desaparecer. Sobretudo as “favelas”, as zonas pobres em plena cidade, será que ainda<br />

as veremos daqui a alguns anos? [...] Mas as “favelas” apresentam um colorido especial no meio<br />

dessa figura caleidoscópica, e ao menos uma dessas estrelinhas do mosaico deveria ser conservada<br />

no quadro da cidade, porque elas representam um fragmento da natureza humana primitiva no meio<br />

da civilização. [...] A vida social tolera nesta cidade todos os contrastes; podemos tomar um sorvete<br />

numa confeitaria refrigerada, que por seus preços lembra as de Nova York, e muito perto dela,<br />

muitas vezes no mesmo prédio, podemos tomá-lo por alguns tostões, e podemos com o mesmo terno<br />

de brim andar num automóvel ou num bonde com os operários; nada nesta cidade se hostiliza, e<br />

encontramos em todas as pessoas, no engraxate e no aristocrata, a mesma polidez que aqui une<br />

harmonicamente todas as classes sociais. [...] Quem visita o Brasil não gosta de o deixar. De toda<br />

parte deseja voltar para ele. Beleza é coisa rara e beleza perfeita é quase um sonho. O Rio, essa<br />

cidade soberba, torna-o realidade nas horas mais tristes. Não há cidade mais encantadora na terra<br />

(Zweig, [1941] 1960: 143; 152; 170; 172).<br />

Na cidade de São Paulo, Zweig ([1941] 1960: 173-88) não encontrou a beleza que o<br />

embasbacara no Rio, mas encontrou o progresso que era conseqüência dos capitais gerados<br />

com o seu trabalho pelos imigrantes europeus. Eles são caracterizados como trabalhadores<br />

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