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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Observa-se que os imigrantes galegos permitiram, ou mesmo encomendaram,<br />

sujeitos não-imigrantes a composição de estudos sobre a história da sua presença na Bahia.<br />

De fato, só localizamos um livro de memórias elaborado por um galego soteropolitano.<br />

Trata-se de Memória, de José Carreiro Oubinha (1960). O Hospital Espanhol – a Real<br />

Sociedade Espanhola de Beneficência –, dentro das ações executadas na celebração do seu<br />

centenário, editou uma revista comemorativa: Sanatório Espanhol 1885/ 1985 – 100 anos,<br />

na qual, além de se apresentar um histórico das suas atividades, incluíram-se matérias sobre<br />

episódios da imigração galega na Bahia. Transcorridos mais quinze anos, e havendo<br />

mudado a diretoria, o Hospital editou mais uma revista comemorativa, Real Sociedade<br />

Espanhola de Beneficência. 115 anos promovendo saúde. Publicação comemorativa 1885-<br />

2000, que também combina a descrição cronológica das realizações do hospital com<br />

comentários sobre a história da colônia.<br />

Imigrantes galegos na Bahia inspiraram personagens da literatura brasileira. A<br />

Bahia foi, por sua vez, um objeto de reflexões de intelectuais espanhóis e houve baianos, e<br />

nordestinos em geral, que escreveram sobre as coisas da Espanha. No teatro, acreditamos<br />

que o personagem de imigrante galego soteropolitano mais conhecido pelo sucesso e pela<br />

repercussão tidos pela obra de que fazia parte, é o galego de O pagador de promessas<br />

(Gomes, [1961] 2005), de Alfredo de Freitas Dias Gomes (Salvador, 1922 – São Paulo,<br />

1999), obra estreada aos 29 de julho de 1960 no Teatro Brasileiro de Comédia, em São<br />

Paulo.<br />

O assunto da obra é o drama causado quando o padre encarregado da Igreja de Santa<br />

Bárbara, em Salvador, impede que o protagonista, o ingênuo camponês Zé do Burro,<br />

cumpra a promessa que fizera. Esta, assumida em um terreiro de candomblé, consistia em<br />

levar em peregrinação uma pesada cruz de madeira, desde a roça em que ele vivia até essa<br />

igreja, por haver-se sarado o burro de que era proprietário. A proibição do pároco e a<br />

teimosia do camponês acabam gerando, por parte da imprensa, das autoridades<br />

administrativas e de revoltosos militantes – os capoeiras –, a exploração do conflitante<br />

sincretismo religioso afro-brasileiro e da problemática social da questão agrária, assuntos<br />

aos quais o inocente camponês era alheio. Durante a confusão que estoura pelo confronto<br />

entre policiais e manifestantes ao decidir Zé do Burro entrar no templo, Zé do Burro é<br />

baleado e morre, sendo, no final do último ato, carregado pelos capoeiras sobre a cruz até o<br />

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