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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Ibérico de Liberación (DRIL) 313 . Os onze anos de permanência de Pepe Velo na capital<br />

paulista marcam o que a priori parece o encerramento do seu labor de organização e<br />

coordenação de grupos galeguistas militantes, de ativo engajamento, deliberadamente<br />

combativos ao regime franquista. Acreditamos, além do mais, que o asilo no Brasil supôs<br />

para Velo o distanciamento ou, inclusive, o isolamento, em relação aos grupos galegos de<br />

resistência anti-franquista que se criaram no desterro republicano em América.<br />

Durante o seu exílio brasileiro, Pepe Velo desenvolveu um labor de promoção da<br />

cultura galega através da livraria – Livraria Nós – e da editora – Editorial Nós, Publicações<br />

Galiza Ceibe – que fundou na cidade de São Paulo, e do periódico que dirigiu – Paraíso 7<br />

dias 314 –; no entanto, os dados de que dispomos acerca das suas atuações nessa cidade<br />

fazem-nos crer que elas tiveram maior repercussão entre alguns intelectuais brasileiros do<br />

que entre os membros da colônia galega e, em geral, de toda a espanhola, estabelecida no<br />

Estado de São Paulo. Só temos notícia de uma intervenção pública – um discurso – de Velo<br />

em uma das associações dos imigrantes espanhóis em São Paulo. Ela teve lugar no Centro<br />

Galego-Centro Democrático Espanhol, aos 20 de março de 1961, na qual Velo palestrou em<br />

torno do DRIL. Essa intervenção foi mais um motivo para os atritos de Humberto Delgado<br />

e Henrique Galvão com Velo. O general, como presidente do Movimento Nacional<br />

Independente (MNI), lavrou em São Paulo, aos 30 de abril de 1961, uma Diretiva, a n. 4/<br />

61, com o assunto “Conseqüências de o Santa Maria ter apontado ao Brasil”, em que<br />

mostra o seu desacordo com tudo o relativo ao Diretório – estrutura, ideologia, objetivos,<br />

práticas – e, portanto, com a operação do seqüestro do navio. Na Diretiva o general censura<br />

Galvão por haver incorporado espanhóis ao grupo e por ter deixado que estes alcançassem,<br />

na sua visão, maior relevância que os portugueses. A essa conclusão contribuíra a análise<br />

313 Victor Velo salienta, na entrevista concedida em 21 e 22 de maio de 2003, que o termo “diretório” deve ser<br />

entendido como “frente”, pois o DRIL, apesar de estar ligado à esquerda pois provinha da Unión de<br />

Combatientes Españoles da Venezuela (UCE), visava a integração, sem exclusões por ideologia, de todos os<br />

partidos, agrupações e indivíduos que tivessem como causa a luta contras as ditaduras de Franco e Salazar. O<br />

qualificativo “ibérico” referia-se à reivindicação da federação das nacionalidades históricas – Euskadi,<br />

Castela, Catalunha e Galiza – como a forma para a estruturação política da península.<br />

314 Na entrevista que nos concedeu Victor Velo ente o 21 e o 22 de maio de 2003, ele comentou-nos que<br />

Paraíso – 7 dias era um “periódico de bairro” do qual saíram doze números. O nome devia-se ao bairro<br />

paulistano onde ocupava uma sala a livraria Nós, o bairro Paraíso. Nesse bairro, a livraria teve duas<br />

localizações, uma na rua Rafael de Barros (n. 19) e outra na rua Guilherme de Almeida. Por estar proibida a<br />

estrangeiros a propriedade de empresas editoriais e de periódicos, a esposa de Victor Velo registrara ao seu<br />

nome o periódico, assumindo a direção Julio G. Atlas.<br />

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