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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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como um precursor da gesta da elite imigrante retratada no livro. É estranha a inserção do<br />

Caramuru na seção que recolhe as biografias assinaladas. Essa seção, a principal de<br />

Galegos na Bahia de Todos os Santos, intitula-se Protagonistas galegos na Bahia de Todos<br />

os Santos (Leira, 2002: 55-184). Abre-a a biografia de Javier Alfaya (Redondela, 1957 –<br />

Salvador), “Un loitador, un auténtico revolucionario”, segue-a a de Diego Álvarez Correa<br />

“Caramuru” (A Coruña – Salvador de Bahia, 1557), “Un galego que se namorou da bela<br />

Paraguasu” e, logo, a do empresário de sucesso Manuel Antas Fraga (Cotobade, 1932 –<br />

Salvador), “Un emigrante no paraíso racial”. Reparamos, contudo, em que, apesar da<br />

reivindicação de Leira, não se publicaram mais documentos contendo a assunção da origem<br />

galega do Caramuru e que não se desenvolveu publicitariamente a relação desse Caramuru<br />

galego com os galegos do Nordeste brasileiro. A viabilização de um uso publicitário, de<br />

todas as formas, teria que enfrentar a forte carga satírica associada ao vocábulo Caramuru<br />

devido à conversão em apelido pejorativo que dele fizera, em dois sonetos, Gregório de<br />

Matos, nos quais ridicularizou os foros de fidalguia nativa alardeados por alguns<br />

endinheirados da Bahia.<br />

Alberto Silva, professor da Universidade da Bahia e membro do Instituto Histórico<br />

e Geográfico da Bahia, cinqüenta anos antes que Pérez Leira, já propusera um precursor<br />

quinhentista da presença espanhola na Bahia. No artigo El primer emigrante español en<br />

Brasil, publicado na madrilena Revista de Índias em 1951, esse professor adjudica a Felipe<br />

de Guillén esse título de primeiro emigrante. Segundo consta na separata de que dispomos,<br />

o artigo fora conseqüência de uma palestra que o autor ministrara no Rio fazendo parte das<br />

semanais Tertúlias Literárias organizadas por García Viñolas, agregado cultural da<br />

Embaixada de Espanha na, então, capital do Brasil. No texto, o Prof. Alberto Silva justifica<br />

a sua dedicação ao reconhecimento desse primeiro migrante julgando que “Es interesante<br />

identificar al primer emigrante español llegado a tierra brasileña para iniciar la larga y<br />

secular corriente emigratoria de estas gallardas Españas, que tan saludables resultados<br />

tuvieron para nuestro país” (153). Antes de revelar a identidade do classificado por ele<br />

como primeiro imigrante, Silva menciona, por um lado, os navegadores do Reino de<br />

gente da terra era toda alva, sendo muito formosas as mulheres. Essa população de mamelucos foi aumentada<br />

logo depois por alguns Espanhóis e certo número de Portugueses que escaparam de dois naufrágios. Muito<br />

auxiliou o Caramuru ao donatário, que trouxe por sua vez vários casais e soldados. A pequena prosperidade<br />

inicial logo cessou com a hostilidade dos Tupinambás, um dos motivos porque o rei D. João III resolveu criar<br />

o governo geral”.<br />

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