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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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lastimera: “¡Meu Deus! ¡Que me veja en na precisão de facer isto!”. Y así sigue llorando<br />

amargamente y sacudiendo el polvo a sus burladores, los cuales no por eso escarmientan<br />

(Correspondencia, 2002: 204-06).<br />

Nesses sumários comentários sobre um galego do Rio de Janeiro contidos nas cartas<br />

de Valera temos a supramencionada primeira alusão ao comportamento de um trabalhador<br />

galego no Brasil. Valera não pretendera desenvolver uma análise da sociedade carioca, mas<br />

sim traçar, com uma intenção burlesca e com uma distância que denotava uma sensação de<br />

superioridade social, o retrato fidedigno do meio social que tivera que aturar. Nesse meio<br />

social Valera relutou se inserir. Os brasileiros são, para ele, dignos do seu menosprezo; o<br />

seu chefe vira o paradigma daquilo em que ele não se queria converter – um ser<br />

atormentado pelas doenças, aculturado pela baixaria da sociedade carioca a atrofiado<br />

culturalmente – e o serviçal galego torna-se em mais uma justificação da distância classista<br />

que tem que prevalecer entre o indivíduo cultivado – Valera – e o bestalhão – o galego –.<br />

Da contundência nas parcas alusões de Valera ao galego, infere-se que o serviçal respondia<br />

ao consolidado clichê de um retrato feito pelos cariocas sobre os galegos com anterioridade<br />

à presença maciça de imigrantes galegos na cidade. Nesse estereotipo condensavam-se<br />

rotundas conotações da ignomínia relativa à burrice.<br />

O uso pejorativo do qualificativo galego no Rio de Janeiro<br />

Se as cartas de Valera transmitem que, em 1851, o vocábulo galego possuía uma<br />

estável e categórica significação para os cariocas, no ensaio Mata Gallego dá-se a entender<br />

que, nessa cidade, na década de 1830, a alcunha galego não se empregava como<br />

qualificativo despectivo em relação aos portugueses. O autor, Viriato Corrêa (1933), não<br />

esclarece qual, na sua opinião, era o emprego dado ao vocábulo nem se ele tinha uma<br />

denotação isenta de usos depreciativos. Ele destaca o que se segue ao diferenciar a “Noite<br />

das Garrafadas” do “Mata gallego”:<br />

[“Mata gallego”] É o nome que muita gente dá á turbulenta noite de 13 de março de 1831, aquela que<br />

a tradição apelidou de Noite das Garrafadas.<br />

Dois erros existem em tal denominação:<br />

1.º - naquela época não se chamavam os portugueses de gallegos. O povo os deprimia apelidando-os<br />

de marinheiros, marotos, pés de chumbo.<br />

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