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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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estrito controle pela administração brasileira a partir da década de 1930, havendo-se<br />

transformado em sociedades mistas – “hispano-brasileiras” – e tendo que evitar ou, quando<br />

menos, dissimular, o envolvimento explícito com causas políticas. É pequeno o corpus de<br />

obras de temática auto-referencial – memórias, poesia – produzidas por espanhóis<br />

residentes no Estado de São Paulo, imigrantes ou não-imigrantes, e nenhum dos seus<br />

periódicos pôde contornar as restrições estabelecidas durante o Estado Novo à circulação da<br />

imprensa estrangeira.<br />

Não temos fundamentos para acreditar que os galegos, e que todos os espanhóis em<br />

geral, residentes no Estado de São Paulo, se abrasileiraram – apaulistanaram – como<br />

conseqüência de uma reação natural no novo meio social ou como conseqüência de uma<br />

predeterminada estratégia de adaptação visando o reconhecimento dos nativos e o sucesso<br />

profissional e econômico. Contudo, sim é possível inferir, perante as informações<br />

apresentadas neste capítulo, que os imigrantes galegos e os espanhóis, na sua maioria, não<br />

perceberam a necessidade de se congregar em associações próprias – de estrangeiros –<br />

desde as quais produzirem e projetarem atividades ou obras com traços étnicos distintivos<br />

frente aos aborígenes e aos estrangeiros de outras nacionalidades. Os imigrantes puderamse<br />

estabelecer no estado como trabalhadores forâneos. O plano das autoridades brasileiras<br />

que demandaram essa mão-de-obra desde a proclamação da República contemplava a plena<br />

e definitiva integração dela na sociedade paulista e condenava a segregação dela em quistos<br />

raciais. Não se favoreceu, portanto, a consolidação de uma intelligentsia, entre os<br />

imigrantes espanhóis, que se encarregasse de guiar a colônia para que manifestasse, perante<br />

os paulistas, a sua distinção identitária nacional.<br />

Percebemos que houve desconexão entre os imigrantes radicados na cidade de São<br />

Paulo até a década de 1930 e os chegados a partir da década de 1950; desse modo, não<br />

aconteceu a transmissão nem de um legado associativo nem de projetos coloniais. Essa<br />

desconexão deveu-se à distância geracional e à circunstância político-social do Brasil nas<br />

décadas de 1930 e de 1940; esta favorecera a dissolução, no meio social brasileiro, dos<br />

trabalhadores estrangeiros.<br />

Não conhecemos um texto em que Pepe Velo expressasse os motivos do seu<br />

desligamento da colônia galega na cidade de São Paulo. Todavia, ele não deve ter<br />

encontrado pares galegos com os quais dar continuidade à sua luta em prol da causa<br />

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