26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

forma de ser dos espanhóis, Las Casas propõe observar quais são as posições por eles<br />

ocupadas perante quatro controvertidos temas: a religião, a questão social, a vida<br />

econômica e o mundo político. A respeito do primeiro tema, expõe que os espanhóis, na sua<br />

maioria, se identificam com a religião católica, mas trata-se de um catolicismo superficial,<br />

inconsciente e pobre:<br />

O cidadão é católico, sim, julga uma ofensa que duvidem da sua fé, mas não vai à missa, e, quando<br />

vai, é por cumprir um dos muitos preceitos sociais em uso, não freqüenta os sacramentos, não<br />

reconhece nas hierarquias qualquer autoridade religiosa, e gosta de conservar-se na mais completa e<br />

cômoda ignorância (Las Casas, 1937a: 160).<br />

A falta de fé e o desconhecimento da teologia entre os católicos espanhóis<br />

contrastam com o seu clericalismo, o amor aos templos e a fidelidade sectária por alguns<br />

santos.<br />

No tocante à “questão social”, o autor distingue, em primeiro lugar, entre a<br />

aristocracia “velha” – liberal, investidora em propriedades imobiliárias, desinteressada pela<br />

política e residente no estrangeiro – e a “nova” – ultraconservadora, investidora no<br />

comércio e na indústria, interventora em política e residente na corte –. Da burguesia<br />

comenta que propende para as esquerdas, aspira à conquista de qualquer emprego público e<br />

que é covarde nos investimentos financeiros. Sobre a intelectualidade destaca a sua pouca<br />

eficácia, apesar de ser honesta, austera e atilada. Ele culpa da escassa produtividade<br />

científica dos intelectuais à mistificação que neles provoca a sua intervenção na política.<br />

Como intelectuais espanhóis cita a Unamuno, Pío Baroja, Marañón, Pérez de Ayala, Ortega<br />

y Gasset, Alomar, Américo Castro, García Lorca, Madariaga, D’Ors, Jiménez Asúa y<br />

Azorín, e explica, como se segue, a escassa transcendência dos seus posicionamentos na<br />

sociedade espanhola:<br />

Por que? Porque não se tinham preocupado de criar, heroicamente, um estado de opinião; utilizaramna,<br />

pondo-se à frente dela, mas quando, julgando-se fortes, se atreveram a mostrar seus rumos,<br />

verificaram que a multidão os abandonara. O país faz-se republicano e eles se colocam nas<br />

vanguardas do republicanismo, querem logo fazer a sua república, e o país – que também quer a sua<br />

– abandona-os. Assim, no novo regime não têm autoridade nem magistério (Las Casas, 1937a: 166-<br />

67).<br />

A respeito do povo, Las Casas diferencia entre o rural – católico, fanaticamente<br />

religioso, individualista e monárquico –, relutante, portanto, para se incorporar em<br />

associações de classe, e o citadino ou proletário – ateu, anti-clerical, socialista e<br />

692

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!