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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Assim, perfeitamente adaptados à nossa realidade, aparecem atualmente como um plano expressivo<br />

da hospitalidade, pluralismo e abertura dos baianos a todas as raças e povos. Sob outras formas, o<br />

paraíso continua.<br />

Por sua vez, a Galícia é hoje uma região ativa e florescente, com sua autonomia conquistada, com<br />

sua rica língua e literatura renascidas, bem como com a sua cultura revitalizada, a expressar o sonho<br />

de tantas gerações.<br />

Entretanto, essa nova Galícia jamais teria sido possível sem o capital financeiro e simbólico dos seus<br />

pobres e analfabetos imigrantes. Gente, como os galegos da Bahia, que com sofrimento e<br />

determinação, mantiveram em terras longínquas e estranhas, o espírito da Galícia sempre eterna<br />

(Bacelar, 1994: 181-82).<br />

Passada uma década, Paulo Roberto Baqueiro Brandão (2005), na Conclusão de<br />

Geografias da presença galega na cidade da Bahia volveu a ressaltar o afã dos imigrantes<br />

galegos em Salvador:<br />

A saga galega nas terras da capital baiana é, portanto, uma história de sofrimento, luta pelo trabalho,<br />

dignidade e sucesso para muitos dos que atravessaram o oceano Atlântico na tentativa de fazer a<br />

América, de alcançar em terras distantes e estranhas o que, nos campos da sua origem não lhes era<br />

possível: uma vida de dignidade (Brandão, 2005: 131).<br />

Nessas pesquisas são também mencionadas e estudadas as associações que a elite<br />

galega promoveu em Salvador entre os seus patrícios. Essas associações – a Sociedad<br />

Española de Beneficencia (fundada em 1885), o Centro Español (1929), o Galícia Sport<br />

Club (década de 1930) – tiveram as finalidades de favorecer a mutualidade, de permitir a<br />

defesa dos interesses da colônia e de projetar imagens de poder e prestígio sobre a<br />

sociedade local. Essas finalidades encerravam a vontade de inserção no campo do poder<br />

soteropolitano, mostrando a adesão aos padrões e aos valores dos grupos sociais<br />

dominantes em Salvador. Não há notícias de publicações periódicas, de grandes bibliotecas<br />

societárias ou mesmo, na primeira metade do séc. XX, de algum livro escrito por algum<br />

imigrante galego de Salvador. Há, porém, uma abundante participação dos galegos na<br />

imprensa soteropolitana, sobretudo nos diários A Tarde e O Imparcial, pois nela faziam<br />

publicar propaganda dos seus negócios, comentários sobre os problemas do comércio,<br />

notícias sobre as atividades das suas associações, hagiografias de sujeitos bem-sucedidos da<br />

colônia, declarações de lealdade aos interesses do Brasil ou adesões a medidas tomadas<br />

pelas autoridades políticas locais. Paralelamente, essa imprensa local podia conspurcar as<br />

representações sobre os galegos publicando notícias críticas sobre a qualidade – higiene,<br />

preços, regime de trabalho – dos seus empreendimentos comerciais e industriais ou sobre o<br />

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