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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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IV. 4. 4. A Espanha e os galegos de Paulo da Silveira<br />

Vinte anos depois das crônicas de Espanha em sangue..., o diplomata e docente<br />

brasileiro Paulo da Silveira, incluiu, na miscelânea intitulada Ensaios Europeus – antologia<br />

das suas impressões e reflexões sobre a cultura e a história da Europa –, um retrato<br />

entusiasta de um Madri pitoresco, paradigma do casticismo carpetovetónico. Em Madri ele<br />

residira e, segundo expressa ambiguamente, fora muito feliz por se haver envolvido em um<br />

doloroso processo interior de redenção através da expiação das máculas que acumulara nos<br />

anos de exercício das suas funções diplomáticas.<br />

Interpretamos que o autor passou duas estadas na Espanha. A primeira delas, com<br />

uma duração aproximada de seis anos, é à qual ele se refere nos seus apontamentos. A outra<br />

estaria acontecendo no momento – maio de 1956 – em que, no Rio de Janeiro, se publicou<br />

Ensaios Europeus, pois Silveira fora destinado à Espanha pelo Itamaraty em 1953. De fato,<br />

o exemplar que temos de Ensaios Europeus leva uma dedicatória do autor a Altamir de<br />

Moura (“Para o ilustre diplomata e escritor Altamir de Moura com admiração e<br />

cordialidade”), datada em Madrid aos 25 de junho de 1957.<br />

Não temos dados que nos permitam precisar quando aconteceu a primeira longa<br />

estada de Silveira na Espanha. As impressões que ele expõe com tom pletórico, além do<br />

mais, não contêm referências úteis para circunscrever os seis anos dessa sua primeira<br />

presença. Há, pois, um viés atemporal em um relato com as impressões relativas a uma<br />

vivência boêmia em uma Espanha miserável que o autor, entretanto, sentiu entranhável 362 .<br />

de la tragedia para que todas esas cualidades, esa hispanidad que no estaba muerta sino solo dormida,<br />

soterrada, aflorase de nuevo a la superficie, alumbrada por una juventud que cansada de moverse entre el<br />

tedio y el rencor, como el Cid, quería ser a la vez tradicional y renovadora. Hoy España para su fortuna se ha<br />

encontrado al fin y aspira a recobrar y aumentar el prestigio y anchura espiritual a que por su pasado, su<br />

esfuerzo, su limpieza de propósitos y procedimientos es acreedora. Y he terminado mi conferencia. Solo me<br />

resta agradeceros de nuevo el que hayáis asistido a ella y rogaros perdonéis sus muchas faltas” (Fernández,<br />

1940: 64).<br />

362 A menção do “Museo Chicote”, bar instalado na Gran Vía de Madri em 1931, e do mercado negro do pão,<br />

e dos cigarros americanos, orientam, a priori, o leitor para a situação da narrativa de Silveira no Madri do<br />

pós-guerra e do racionamento, mas nem imediatamente após a liberación da cidade pelas tropas nacionais<br />

nem antes da nomeação de Silveira como professor de literatura na cátedra de Estudos Brasileiros da<br />

Universidad de Madri. Porém, os qualificados por Silveira como os “melhores” anos da sua vida aconteceram<br />

durante a II República Espanhola. Aos 21 de novembro de 1933 elevara-se à categoria de Embaixada a<br />

representação diplomática brasileira na Espanha. Então, já devia estar na Espanha Paulo da Silveira como<br />

encarregado de negócios do Brasil na Espanha. Acreditamos que, no remanejamento feito em 1938 do corpo<br />

diplomático brasileiro acreditado perante o Governo espanhol, Silveira se integrou durante alguns meses na<br />

representação brasileira junto ao Governo republicano instalado em Barcelona. Ainda em 1938, a missão de<br />

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