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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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constitui a terceira força germânica, logo da ideologia nazista e da hierarquia militar<br />

“representada por Blomberg”. Como terceira força, busca a elaboração de uma ideologia<br />

que seja capaz de exaltar o proletariado alemão sem se cingir, no entanto, aos desígnios do<br />

impulso popular. Mussolini é qualificado por Las Casas como o ditador mais erudito e<br />

como o único capaz de compreender a Europa integralmente com o ânimo de proceder à<br />

sua restauração; o fascismo é entendido pelo autor não como uma táctica autônoma de<br />

governo, senão como um “sistema de cultura”. Essa restauração consistiria na assunção de<br />

que os Estados são uma vontade em que as nações são dinamizadas pelo catolicismo e o<br />

homem é o senhor da natureza, no molde da Grécia antiga, e nos quais o princípio religioso<br />

se conforma como “o esqueleto moral de uma cultura”. Sobre o senso elevado do<br />

pensamento – pensamento “grandioso” e de “ação internacional” – de Mussolini e sobre o<br />

modo de governar imposto pelo fascismo diz Las Casas:<br />

Os nossos melhores intelectuais – escrevi em Espanha em 1935 – aceitariam prazenteiramente este<br />

regime que hierarquiza o professor, o escritor e o artista, e, educando nos grandes exemplos,<br />

consegue refletir qualidade, dignidade, aristocracia. Mussolini contraria o seu povo, pois ele sabe<br />

muito bem que o italiano vulgar prefere o monumento a Victor Manuel à estátua de Marco Aurélio<br />

no Capitólio, uma ária de Puccini aos salmos que se cantam em Montecasino; que lembra com<br />

infinita emoção os antigos tenores do “Scala” de Milão, e esqueceu os jovens toscanos que partiram<br />

com César a percorrer os misteriosos pinheirais das Gálias. [...] Mussolini sabe que o cocheiro do<br />

Trastévere, o pescador de Nápoles e o vendedor de jornais de Turim não compreendem a sua obra,<br />

não podem perceber seu caminho, são incapazes de ver a Itália, ontem e amanhã, em projeções de<br />

séculos – e os despreza. Podemos admirar ou odiar a Mussolini, mas não o negar; ele é a mais<br />

ingente e rígida afirmação dos nossos dias (Las Casas, 1937b: 145-46).<br />

Após encomiar o brilhantismo de Mussolini como estadista, Las Casas elogia a<br />

natureza soberana da sua autoridade e do poder exercido por ele, manifestada na sua<br />

coragem para permanecer sozinho, como ditador absoluto, e com a atitude própria dos<br />

“condottieri”, no cume do governo, ao ter sabido se desprender da “vanguarda de<br />

pretorianos” que conduziram à vitória o “movimento revolucionário” fascista. O autor<br />

chega a considerar que Mussolini, apesar de ser um nacionalista, tem a função de servir<br />

como a pedra angular para o equilíbrio mundial:<br />

H. G. Wells, utopista que delira com uma “lei mundial sob um governo mundial”, afirma com<br />

desdém: “o deus do nacionalismo deve seguir o signo dos outros primitivos fetiches”; o resto dos<br />

mortais, afirmaríamos imparcialmente, desde qualquer ponto de vista, em qualquer credo político,<br />

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