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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Essa estabilidade fez com que a oposição, nem do republicanismo nem do carlismo,<br />

tivesse relevância até os acontecimentos no Rif de 1909, aproveitados, na opinião de Las<br />

Casas, pelas esquerdas, cobiçosas de poder, os quais desembocaram na “semana trágica” e<br />

provocaram que Antonio Maura se visse “na necessidade de fuzilar Ferrer”. A partir de<br />

então, e, sobretudo, logo do assassinato de Canalejas em 1912, se fortalece o socialismo<br />

com Pablo Iglesias e o jaimismo. Acredita Las Casas que a declaração de neutralidade da<br />

Espanha, em 1914, derivou na perda dos que poderiam ter sido os quatro melhores anos da<br />

sua história contemporânea, pois a Espanha nem aproveitou a ocasião para ampliar as suas<br />

possessões em Marrocos, nem, ao se isolar, liderou o bloco de potências neutrais, nem<br />

fortaleceu a sua indústria. Assim, na assinatura da Paz de Versalhes nada significou a<br />

Espanha no cenário internacional. O autor volta a se referir a Marrocos para relatar o<br />

desastre de julho de 1921 e o contra-ataque espanhol, no qual ele participou como soldado.<br />

Desse contra-ataque faz o seguinte apontamento:<br />

A campanha da reconquista, repleta dos mais cruéis sacrifícios, sem elementos de combate, sem<br />

posições, (até nem água potável), vai revelando uma longa série de prestígios militares conhecidos<br />

além de nossas fronteiras: Sanjurjo, Franco, Milham Astrai, Gonzalez Tablas, Yagüe, Varela, Orgaz,<br />

Castro Girona, Cavalcanti, Fernández Perez, etc. (Las Casas, 1937a: 124).<br />

Las Casas qualifica o governo do marquês de Alhucemas como “a maior nulidade<br />

política que governou o nosso país” e sublinha que o rei D. Alfonso XIII atingiu, então, a<br />

sua maior impopularidade. Nesse marasmo, nem as esquerdas nem as direitas foram<br />

capazes de dignificar o poder público, pelo qual era esperado, e desejado, um golpe de<br />

estado que aconteceu mediante a sublevação do general Primo de Rivera 488 . O período entre<br />

o desastre de Annual e a irrupção de Primo de Rivera na cena política é assim referido por<br />

Las Casas:<br />

Durante este período, o caminho de cada uma das duas Espanhas seguiu invariavelmente o seu traço<br />

histórico. As esquerdas mostram outra vez a sua incapacidade no governo, seu mórbido pendor para<br />

a desagregação, sua falta de autoridade, sua tradicional indisciplina, seu desdém pelos graves<br />

problemas econômicos, de pé havia mais de cem anos; as direitas, que se adoçaram em seus ódios<br />

seculares, agravam-se noutra das suas doenças mais características: a falta de previsão. Um homem<br />

488 Las Casas (1937a: 137) faz o seguinte retrato de Miguel Primo de Rivera: “Primo de Rivera é bom,<br />

honesto, bem intencionado, patriota, trabalhador, mas não tem cultura, nem tem preparo para o governo e<br />

falta-lhe o ímpeto dos grandes caudilhos; não tem nem habilidade para escolher seus conselheiros e<br />

colaboradores e – feita exceção de Calvo Sotelo e do conde Guadalorce – eleva a ministros pessoas em quem<br />

ninguém suspeitara nunca qualquer capacidade”.<br />

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