26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

atitudes dos galegos no Brasil. Acreditava, e ainda acredito, que não é possível asseverar<br />

concerto na própria Galiza sobre a identidade, a cultura, a nacionalidade ou a língua<br />

galegas. Lá, na atualidade, essas questões ainda são marcos em processo de construção.<br />

Assim, eu achava que os galegos que emigraram e se estabeleceram no Brasil com o firme<br />

propósito de trabalhar e de enriquecer poderiam ter partido das suas localidades sem idéias<br />

determinadas ou representações preclaras do que eles eram como povo específico da<br />

Espanha e que, portanto, poderiam ter elaborado no Brasil, com uma parcial autonomia a<br />

respeito do que se realizava na Galiza, representações peculiares. Por conseguinte, seria<br />

necessário comprovar se essas suposições iniciais minhas sustentar-se-iam em uma<br />

pesquisa de campo. O problema para o exame dessas imagens e desses debates estava na<br />

localização de documentos que permitissem compor um corpus e na viabilização do<br />

encontro com os agentes galegos que se dedicaram à produção cultural no Brasil.<br />

Também ponderava diletantemente que, ao se terem podido asilar no Brasil, durante<br />

a história contemporânea, só uns poucos dissidentes e agitadores de idéias naturais da<br />

Galiza – republicanos, anarquistas, socialistas, nacionalistas, etc. –, o conjunto de<br />

imigrantes galegos não deveria ter, entre as suas metas principais, a produção cultural<br />

explícita em torno à identidade galega. Ao contrário do que sucede com os exilados –<br />

asilados, refugiados –, a mão-de-obra imigrante deseja sentir-se útil como força do trabalho<br />

e ser reconhecida como tal para, logo, ganhar bastante prestando o seu serviço. Isso é a<br />

indispensável explicação primária para entender a sua saída do seu país de origem. A<br />

ausência, se entendida como um sacrifício familiar e patriótico do emigrante, e não como<br />

um capricho, como uma aventura ou como um arrebatamento, é aceita e justificada pelos<br />

que partem e pelos que despedem os emigrantes quando se tem a oportunidade de aplicar<br />

no exterior a aptidão para a labuta que não se pode exercitar na nação 10 . Ora, a produção<br />

cultural em torno a itens relacionados com identidades estrangeiras é um tipo de trabalho<br />

10 É preciso levar em consideração a observação de Eric Hobsbawn sobre o conceito nação (1995: 27). É<br />

claro que este termo não teve o mesmo significado no início e no fim do séc. XIX. Conseqüentemente, aquilo<br />

que, na conjuntura hodierna, dificultaria a compreensão do conceito seria o fato de acharmos a identificação<br />

nacional “tão natural, fundamental e permanente a ponto de preceder a história”. Para o autor, na tradição<br />

ibérica, a palavra “nação” referia-se ao conjunto de habitantes de uma província, país ou reino. Desta forma,<br />

embora não se considerasse a existência de um centro comum, governo ou Estado até fins do XIX, a palavra<br />

possuía uma visão unitária e centralizante (Hobsbawn, 1995: 31). A imigração no Brasil começou quando o<br />

país fazia parte da nação portuguesa, antes que se consolidasse o início do processo de formação da<br />

nacionalidade diferenciada no Estado brasileiro e quase um século antes que firmaram as cogitações em torno<br />

da nacionalidade galega.<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!