26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Pinto do Carmo explica a presença de motivos associados à Espanha em tantas<br />

marchas do carnaval, sobretudo no carioca, desde a década de 1930 à década de 1950, após<br />

a reorganização dada a este a partir da Revolução de 1930, pelas impressões emocionais de<br />

entusiasmo tiradas de supostas demonstrações festivas da identidade espanhola:<br />

A contribuição ibérica mantém no Carnaval brasileiro um toque particular. Quando brincamos,<br />

quando expandimos a alma e nela deixamos aflorar os sentimentos, caminham juntos cérebro e<br />

coração. Se, mais do que a outro povo, ao espanhol convidamos a desfrutar conosco os melhores e<br />

mais intensos dias de prazer e alegria, é porque lhe dispensamos carinho e preferência especiais<br />

(Pinto do Carmo, 1959: 34).<br />

Além de serem tirados motivos das representações da Espanha para as marchas do<br />

carnaval carioca, o autor menciona o uso desses motivos, em forma de fantasias e<br />

decorações, em serenatas, em saraus, e nos bailes distintos freqüentados pela elite carioca.<br />

Ele (Pinto, 1959: 33-34) destaca quatro dessas festas. A primeira que menciona foi o baile<br />

de gala celebrado, em 1941, no Teatro Municipal do Rio, então “a festa máxima da<br />

sociedade da capital brasileira”, no qual o tema escolhido para a ornamentação fora a<br />

“Noite andaluza”, e no qual os três primeiros prêmios concedidos às melhores fantasias de<br />

luxo foram “Rainha de Espanha”, “Dama sevilhana” e “Andaluza”. Logo menciona a festa,<br />

nesse mesmo ano, do Clube Ginástico Português, sob o tema “Dom Quixote de la<br />

Mancha”; o baile da terça-feira de carnaval de 1949, no Fluminense Futebol Clube, com o<br />

tema de decoração “Leques e Castanholas”, e, por último, as festas de 1951 no Hotel dos<br />

Estrangeiros com a ambientação e o rótulo de “Uma noite em Sevilha”.<br />

Embora não indique matérias em concreto, o autor salienta que nas revistas O<br />

Cruzeiro, Vida Doméstica, Noite Ilustrada ou Ilustração Brasileira foram habituais os<br />

textos relacionados com a Espanha. Os motivos espanhóis também fizeram parte de letras<br />

de canções brasileiras entre as décadas de 1920 e 1950. Pinto do Carmo assinala as<br />

seguintes, em que é explícita a evocação da Espanha: O cigano, canção de Marcelo<br />

Tupinambá, de 1924; Manolita, valsa de Leo Daniderff e letra de Vicente Celestino, de<br />

no seguinte trecho de Toureiro Valente: “Na festa espanhola/ tocando castanhola/ Rosita dançando chegou/<br />

Joguei no chão meu sombrero/ e Rosita/ no meu sombrero dançou./ Sonho, que sonho é Madri/ De noite<br />

florida de festas/ e lindas canções eu ouvi./ E as lindas madrilenas são/ como as morenas daqui.” Nos<br />

seguintes recortes das marchas Carmem e Carmem Sevilha mostra-se o caráter pitoresco das alusões, no<br />

carnaval carioca, à mulher espanhola: “Carmem, ó Carmem!/ O seu retrato eu já vi/ Pintado num abanico/<br />

Que eu comprei em Madri.” (de Carmem); “Carmem Sevilha/ Que maravilha/ Foi a espanhola mais bonita/<br />

Que eu já vi/ Hoje coitada/ Está tão mudada/ Já não é mais/ A Carmencita de Madri./ Depois ficou sozinha/<br />

Perdendo seu matador/ Carmem Sevilha/ Vive chorando/ Manolo, o toureador.” (de Carmem Sevilha).<br />

564

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!