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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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extraordinário e, por outro, no exame das relações do nativo, ou do estrangeiro residente,<br />

com a natureza.<br />

O julgamento do mérito das observações expostas por esse turista cabia,<br />

obviamente, a um leque de consumidores do relato. Nesse leque integravam-se os turistas<br />

reflexivos afins, que também adquiriram a experiência da elaboração de discursos sobre as<br />

peculiaridades dos países dos outros, e os aborígines com a curiosidade de comprovar se<br />

esse estrangeiro entrevira algum detalhe sobre o seu país em que eles não repararam. É<br />

claro que, para estes últimos consumidores, o discurso de qualquer estrangeiro que<br />

observara o seu país e escreveu, com suposto olho clínico, sobre os campos sociais dele é<br />

susceptível de apresentar inexatidões que não podem ser compartilhadas, mas que são<br />

fáceis de aceitar pelo estranhamento que no turista pode causar o contato com uma<br />

realidade recém-conhecida. Isto é, a não ser que o turista tenha optado deliberadamente<br />

pela elaboração, desde a má vontade, de uma exposição que possa ser recebida como uma<br />

afronta caluniosa contra as coisas deles, os nativos, dependendo do seu grau de<br />

concordância com o discurso estrangeiro, ora o recebem com condescendência e simpatia,<br />

ora com admiração, por ele conter pareceres e especulações que, aos nativos, o seu<br />

convívio com a sua realidade nacional não lhes revelara.<br />

Nas crônicas sobre experiências com o outro dos relatos de viagens, do objeto outro<br />

se excluem com freqüência os outros estrangeiros visitantes. O outro é o nativo e, acaso, o<br />

alienígena assentado, quem pode despertar tanta curiosidade quanto o nativo. No item [O<br />

impeitizo da frol] em que Otero Pedrayo (1952) se refere à sua escala no Rio de Janeiro em<br />

meados da década de 1940, durante uma travessia em direção a Buenos Aires, o autor não<br />

se entretém com considerações acerca dos estrangeiros que moram na capital do Brasil. Ele<br />

reflete sobre a força cromática da paisagem da baia de Guanabara e lavra apontamentos<br />

sobre a atmosfera social autóctone, exótica. Apesar de Otero ter desembarcado, alguns<br />

parágrafos do relato mostram que ele adotou uma perspectiva orientada à captação de<br />

impressões exclusivamente estéticas para a emissão de algumas das suas reflexões:<br />

Nós, ó ire e ó voltare, tivemos en Río o noviciado de unha vivencia pura da coor e das esencias<br />

cósmicas do calor e a lus, en estaxe teóricamente inicial, gardando en sono “in potentia” a paleta dos<br />

grandes mestres, e unha inocencia de materia da Estética dinantes de ser trabalhada. Nun tempo<br />

ideal, que pode ser o cumio do inteleitualismo, e por iso devalar no hialino vapor e néboa agarimosa<br />

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