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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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mesmo ano em forma de livro 187 . Nessa tese o objeto de estudo não são os imigrantes em si,<br />

senão a política do Governo de Minas sobre imigração e colonização. Para o nosso<br />

trabalho, a tese de Norma G. Monteiro foi de grade utilidade pela recopilação e as análises<br />

contidas de leis e regulamentos 188 . A autora destaca que houve um incremento do processo<br />

imigratório acontecido com a implantação do regime republicano com vistas ao<br />

desenvolvimento das forças produtivas e ao aumento demográfico, mas conclui que as<br />

medidas tomadas foram improvisadas e imprecisas o que fez com que a política imigratória<br />

mineira fosse, do Império até a revolução do 24 de outubro, tímida e sem qualquer ousadia.<br />

De todas as formas, entre 1894 e 1901, o governo estadual conseguira introduzir, sobretudo<br />

nas lavouras de café da Mata e do Sul de Minas Gerais, 52.582 estrangeiros, criando na<br />

área suburbana da Nova Capital 5 núcleos coloniais e dois no Sul do estado. Ao igual do<br />

que aconteceu em São Paulo, a lavoura do café foi inicialmente sincrônica à imigração;<br />

contudo, as maiores parte desses imigrantes não se assentaram nas fazendas do café por<br />

muito tempo devido às poucas vantagens obteníveis nesse trabalho e ou regressaram aos<br />

seus países, ou emigraram a outros países americanos ou passaram-se a outros estados da<br />

União. A partir de 1907, a imigração esteve condicionada ao povoamento do território por<br />

meio da criação de núcleos coloniais e da concessão de terras devolutas. Esse processo de<br />

Silva, intitulada Fluxos imigratórios para Belo Horizonte, defendida na UFMG em 1972, em que se aborda a<br />

inter-relação entre os processos migratórios e a constituição social da cidade, no período de 1900 até 1971,<br />

ressaltando-se os fatores que determinaram a seletividade, a distribuição e a assimilação dos imigrantes no<br />

âmbito do município. Tangencialmente, Carlos M. Teixeira aborda a problemática da imigração em Belo<br />

Horizonte ao se referir, no estudo Em obras: História do Vazio em Belo Horizonte (Teixeira, 1999), às<br />

conseqüências, na configuração urbana belo-horizontina, do assentamento dos imigrantes nas regiões<br />

suburbanas da cidade. Mas ele refere-se aos imigrantes mineiros, chegados do interior do estado à capital na<br />

procura de melhores condições de vida: “A zona suburbana foi crescendo e invadindo a zona urbana. O êxodo<br />

de pessoas do interior para a capital do Estado, atraídas pelo milagre da cidade grande, contribuía e ainda<br />

contribui para o assentamento de centenas de milhares de casas nos arredores da cidade. A zona suburbana<br />

assiste então a um crescimento desordenado, cresce periférica demais e necessita do Centro para se articular<br />

às outras periferias. Estas não se articulam entre si e recebem mais imigrantes do que poderiam. Depois de<br />

décadas de crescimento seguindo o modelo oposto ao ‘do Centro à periferia’ previsto por Aarão, o Centro<br />

entra em colapso. Satura-se, torna-se obeso, impróprio para desempenhar as finalidades a que se propunha.<br />

Seu excesso de centralidade torna-o passagem obrigatória para quem quer cruzar a cidade, o que o faz<br />

corredor de trânsito. As ruas do Centro ficam pequenas para a vazão de carros e ônibus que chegam de todos<br />

os bairros.A arquitetura decai. O Centro entope” (Teixeira, 1999: 125). Desde o início dos trabalhos de<br />

construção da cidade, a participação dos imigrantes “internos” – procedentes do próprio estado de Minas – foi<br />

quantitativamente muito superior à dos imigrantes “estrangeiros”.<br />

187 A obra recebeu em 1994 uma segunda edição (Monteiro, 1994).<br />

188 Nas conclusões do seu trabalho, Norma G. Monteiro (1973: 157) salienta que a legislação mineira sobre<br />

imigração, no período 1889-1930, foi quantitativa excessiva e que, qualitativamente, não apresentou caráter<br />

inovador. E salienta que as mediadas “além de uniformes – chegando mesmo à monotonia da repetição – não<br />

foram eficazes. Se fossem, não havia necessidade de tanta lei e regulamento: a multiplicidade é a prova de<br />

que pouco se cumpria”.<br />

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