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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Mas, a vista se distende e eu olho para muito mais além da Espanha, muito lá para baixo, por detrás<br />

das montanhas cantábricas e das Colunas de Hércules. Surge a meus olhos, como num sonho, o<br />

Cruzeiro do Sul, e, acariciada por ele, a terra da liberdade, as minhas bucólicas montanhas mineiras.<br />

E do meu peito me sai, quase sem querer, à brisa da tarde, neste crepúsculo do Mediterrâneo e da<br />

Civilização, um grito que é um desabafo, é uma “revanche” e é uma esperança:<br />

– “Viva o Brasil!” (Soares d’Azevedo, 1936: 161-62).<br />

Soares desenvolve nos quatro últimos capítulos do seu livro – do 14 ao 17 – um<br />

discurso em que acrescenta informações às crônicas que elaborara como repórter de guerra.<br />

Trata-se de acréscimos às observações que expusera e aos dados que reunira nas matérias<br />

compostas enquanto ele permanecera em Madri, Albacete, Valencia e Barcelona. A<br />

posteriori pesquisa em fontes indiretas e reflete com vistas à apresentação de um parecer<br />

conclusivo a respeito da guerra na Espanha. No capítulo 14 – O que dizem os generais –<br />

transmite, através de citações, o que ele diz que são as opiniões dos grandes “cabos de<br />

guerra” do bando nacionalista. Porém, ele não menciona as fontes de onde teria obtido as<br />

declarações do generalato insurrecto. Nesse mesmo capítulo, cola algumas informações<br />

retiradas de Le Figaro e de Le Temps, mas não indica nem as datas de publicação nem os<br />

autores. Do primeiro cita uma matéria em que se desenvolve uma opinião contrária à nãointervenção.<br />

O autor dessa matéria crê que denota cumplicidade a inação internacional<br />

perante o drama espanhol, sobretudo levando em consideração as repercussões que essa<br />

guerra terá na Europa, vença quem vencer. De Le Tepms salienta uma pergunta retórica<br />

sobre que poderá acontecer na França governada pelo Front Populaire se vencem os<br />

nacionalistas na Espanha? Transcreve também a opinião de Lucien Romier receando da<br />

efetividade do envio às duas Espanhas de uma delegação internacional de testemunhas<br />

imparciais que intimasse os bandos para evitar a sanha, já que ele acredita que na<br />

beligerância devastadora de uma guerra civil não há lugar para a piedade até que nos se<br />

esmague o inimigo. Das notícias e das interpretações da imprensa estrangeira sobre a guerra<br />

espanhola, Soares, sobretudo, recorre às francesas pois crê que a posição que ocupa a<br />

França governada pelo Front Populaire em relação ao conflito espanhol é a mais grave<br />

dentre todas as adotadas pelas potências européias, tanto pelo seu manifesto apoio à<br />

“Espanha bolchevizada”, à que lhe fornece armas e munições, impedindo, com isso, que<br />

Franco e Mola tomem Madri, quanto pela sua displicência no controle da partida, dos<br />

portos de Marselha e Cerbère, de assessores soviéticos. Os generais cujas declarações<br />

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