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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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que a queda de Mussolini seria hoje na Europa uma catástrofe de proporções incalculáveis – significa<br />

hoje um elemento básico e insubstituível do nosso equilíbrio (Las Casas, 1937b: 147).<br />

Las Casas dedica o último item de Angústia das nossas horas – Trincheiras da nova<br />

guerra – a vaticinar uma nova e, então iminente, conflagração mundial. Nesse item avalia,<br />

em primeiro lugar, as causas e as conseqüências da Primeira Guerra Mundial. Diz que a<br />

guerra estalara antecipadamente e carecera de motivos suficientes e que se comprovou que<br />

foram três graves erros a aliança dos impérios centrais com a Turquia, “constante e forte<br />

inimigo do sistema ocidental”, as alianças contra-natura dos aliados e a participação dos<br />

africanos na frente francesa, pois isso afundou “por mito tempo a nossa dignidade coletiva,<br />

rebaixando o valor da Europa a níveis de pavorosa servidão”. Como conseqüência desses<br />

erros produzira-se a perda de hegemonia da Europa e o fortalecimento de dois “povos<br />

remotos”, os Estados Unidos e o Japão. Las Casas examina o Tratado de Versalhes e frisa<br />

as torpezas nele cometidas e pondera que teria sido essencial para garantir a paz o<br />

confinamento asiático da Rússia e da Turquia. Como isso não aconteceu, as conflituosas<br />

fronteiras traçadas para os Estados europeus, junto à superpopulação e à superprodução, à<br />

questão das minorias, à questão colonial e à falta de matérias primas conduzirão,<br />

inevitavelmente, a uma nova guerra mundial 519 .<br />

A nova guerra mundial tão só seria detida se os estadistas europeus tiverem a<br />

coragem de entoar um mea culpa, fizerem uma retificação geral e entendessem a índole<br />

519 Las Casas (1937b: 149-50) expõe cinco razões pelas que julga que se declarará uma nova guerra, embora<br />

esta não possa começar de forma imediata. Assim, que o início da guerra se demore até 1939 o 1940 dever-seá,<br />

por um lado, à necessidade que tem a Inglaterra de uma maior margem de tempo para completar o seu<br />

rearmamento [razão a)] e, por outro, à desconfiança, por parte da opinião pública francesa, de que o Império<br />

inglês se declare neutral e abandone, no último momento, a França perante o conflito continental [razão b)]. A<br />

terceira razão [razão c)] seria tanto a incerteza da Itália acerca de uma incondicional ajuda da Áustria quanto o<br />

seu frágil controle da Abissínia e da Líbia, que impediria a conquista da Tunísia. Uma outra razão [razão d)]<br />

era a situação econômica dos Estados europeus e a quinta [razão e)] era a oscilação do quadro das alianças<br />

que não permitira a configuração definitiva dos blocos de países beligerantes. Las Casas acredita que os<br />

únicos países com capacidade para decidir os rumos do enfrentamento até que ecloda a guerra são França,<br />

Itália, Alemanha e Inglaterra. Ele diz que não acredita na intervenção direta da Rússia por quatro motivos. A<br />

primeira é a de que qualquer mobilização russa desencadearia a reação da Polônia e da Romênia, a segunda é<br />

a de que os objetivos militares soviéticos estão na Ásia e não na Europa, a terceira é a dependência da Rússia<br />

da política externa francesa e a última é a da impossibilidade russa de vencer em qualquer frente europeu. A<br />

esse respeito escreve Las Casas (1937b: 151): “Porque a Rússia sabe que, numa guerra, será inexoravelmente<br />

esmagada e prefere lutar – é a sua táctica habilíssima – como elemento agitador e anarquista; será esmagada<br />

porque, numa conflagração, o povo russo revoltar-se-ia contra os bolchevistas, seu enorme exército nunca<br />

responderá em eficácia, e a sua oficialidade será a primeira em retirar de combate, porque noventa por cento<br />

dos oficiais russos são judeus, e nem o mais entusiasta sionista tem coragem para reconhecer no homem judeu<br />

valor pessoal, temperamento militar e virtude heróica; a raça judia ainda não conseguiu escrever na sua<br />

história uma data vitoriosa”.<br />

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