26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Acreditamos que, junto à seção de poemas relacionados com as vivências do autor<br />

no Rio de Janeiro e à seção formada por aqueles poemas em que se destacam ora<br />

experiências do autor no Norte ou no Nordeste, ora características dessas duas regiões<br />

brasileiras, uma terceira seção é formada pelos poemas dedicados a personagens históricos<br />

da política e do campo cultural do Brasil. Cinco desses poemas foram classificados por<br />

García Rodríguez como “Poemas históricos” – “primeira parte” –, os outros são sonetos e<br />

compõem a “terceira parte”. Cinco sonetos estão dedicados a políticos contemporâneos ao<br />

autor: “Jango Goulart”, “Xanio Quadros”, “Xuscelino Kubitschek”, “O General Gaspar<br />

Dutra” e “Xetulio Vargas”. Em relação ao período imperial brasileiro há dois sonetos,<br />

dispostos, no livro, um a seguir do outro, de modo que se podem ler como duas<br />

representações contrapostas, pois um desses sonetos – Na morte de Francisco Solano López<br />

(García, 1977: 66) – apresenta o retrato de um político ignominioso frente ao retrato<br />

elogioso traçado no outro soneto – Don Pedro II, Emperador do Brasil (García, 1977: 67) –.<br />

Assim, nos tercetos dedicados à morte daquele presidente paraguaio, expõe-se: “Tal, irado<br />

e ferido na devesa,/ si o can alán o prende pola orella,/ recebe súa morte o porco bravo,// sin<br />

necesidade de ter Casio nin Bruto,/ a un dos tiráns máis grandes diste mundo,/ derribóuo a<br />

lanza dun valente Cabo”. Contrastivamente, a morte de D. Pedro II é assim versejada:<br />

“Respeitado por todos, benquerido,/ o cinco de decembro véu seu fin,/ naquila gran cidade<br />

de mil luces,// que sempre era desterro, anque París,/ morréu moi lonxe do Brasil amado/ o<br />

home máis brasileiro do Brasil.”. A única composição crítica com o personagem que lhe dá<br />

nome é a intitulada “Xuscelino Kubitschek” (García, 1977: 61), pois, embora o autor afirme<br />

que lhe guarda carinho a J.K., acusa-o de ter feito uma gestão baseada na mentira. Trata-se<br />

de um soneto em que García Rodríguez revela que foi durante o mandato de Juscelino<br />

quando ele recebeu a condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul, havendo-se tido,<br />

portanto, que deslocar ao Brasil depois do ano 1956: Eis esse soneto:<br />

Eu fun condecorado no seu tempo/ e téñolle respeto. Até cariño./ Pro as súas lembranzas vánseme<br />

indo,/ coma as pompas de xabón vánselle aos nenos.// Cando mudóu a capital de sitio,/ moi poucos o<br />

aceitaron de boa gana,/ e quen aló non fói, cantóulle o samba,/ eu “Non vou para Brasilia”, fico en<br />

Río.// Presidente xeitoso e sorridente,/ creóu cos seus sorrisos súas verdades,/ que, na verdade,<br />

somente eran mintiras.// Tamén nos nosos ventureiros áres,/ xurden penas, reloucos ou ledicias,/ que<br />

non son ás máis das veces realidades.<br />

876

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!