26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que esses livros tratavam quanto dos patrocinadores da publicação. No começo do séc. XX,<br />

o Noroeste paulista – os então municípios de Bauru e Araçatuba – era uma região em<br />

processo de desbravamento – loteamento das terras e aldeamento ou eliminação da<br />

população indígena –. A ela fora-se estendendo o estabelecimento de fazendas dedicadas à<br />

cultura do café à medida que avançava a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil<br />

que, em 1914, uniria São Paulo ao Paraguai através de Mato Grosso do Sul. Na obra são<br />

escassas as referências aos imigrantes estrangeiros que passaram a povoar a região 267 . Fazse<br />

questão de exaltar a presença majoritária de elementos nacionais, qualificados como os<br />

novos bandeirantes. Ao respeito, no artigo de Zona Noroeste intitulado A população do<br />

Noroeste, Affonso Martinez de Ercilla observa o seguinte:<br />

É nas zonas novas como a Nordeste que se verifica o contrário dessa lenda mentirosa. No<br />

desbravamento dos sertões, essa abertura da sucessão do íncola aniquilado é que se patenteiam o<br />

espírito de audácia, de aventurosidade, o ânimo ardido e indomável dos lutadores, a eficiência do<br />

trabalho, a grandiosidade dos horizontes. Os tímidos não se aventuram à habilitação no inventário do<br />

bugre.<br />

E são os nacionais os que mais se avolumam nessa conquista no sertão, a manejarem sobranceiros e<br />

infatigáveis nesse ”mar tenebroso” da mata virgem. É a velha seiva do bandeirante, ainda a correr nas<br />

veias do paulista, sempre o primeiro na arrancada, sempre o primeiro na conquista. [..] Tão escasso é<br />

o elemento italiano na Noroeste, que ele em volume iguala o ibérico, isto é, espanhol e português,<br />

que entretanto são, reunidos, por ele de longe suplantados na parte velha do Estado e na média geral<br />

do Estado. A psicologia do ibérico em relação à do italiano é mais amante da liberdade, prefere ser<br />

pequeno proprietário nas zonas novas, a viver nas velhas fazendas pelo regime de salários a que o<br />

italiano se acomoda tão bem, e que por isso são os melhores colonos que temos tido.<br />

Como o espanhol e o português, assim é o japonês, que ajardina a Noroeste nas suas miríades de<br />

pequenos sítios, a fazer a riqueza dos municípios [...] E deste modo vão sendo aglutinados no<br />

sorvedouro da assimilação étnica, os vários elementos da nossa formação nacional de amanhã. Nunca<br />

se homogeneizarão, por certo sob o ponto de visto físico; sempre se conservando os variados tipos<br />

antropológicos que hoje se observam; – mas o que se verificará e o que já se verifica é que todos<br />

eles, todas essas estirpes étnicas, vão se reduzindo no cadinho da nacionalização, com uma absoluta<br />

integração na nossa comunhão, para a perpetuação da nossa brasilidade (Ercilla, 1928: 23-24).<br />

Dois dos trabalhos de pós-graduação mencionados referem-se à colônia espanhola<br />

da cidade de Bauru. Trata-se de duas dissertações de mestrado centradas, sobretudo, na<br />

267 Só há dois artigos dedicados aos imigrantes estrangeiros. Um intitula-se Os japoneses na Noroeste (Ercilla,<br />

1928: 59-62), sobre esse grupo específico; o outro é um conjunto de considerações sumárias sobre os<br />

estrangeiros, da autoria de Piza (Ercilla, 1928: 53-56).<br />

369

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!