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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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O Club de España, a principal associação dos imigrantes galegos, é retratado como<br />

um local de convívio e recreio cujos gestores avocavam a missão de zelar o comportamento<br />

dos integrantes, de forma que este fosse acorde com as pautas marcadas pelas autoridades<br />

salvadorenses. Além de a ele e ao malogrado “Cenáculo”, o autor refere-se a uma terceira<br />

entidade soteropolitana, a Orden de los Paladines de Galicia, que fracassaria ao igual que o<br />

“Cenáculo”, mas que se diferenciava das outras duas por pretender servir à congregação<br />

dos galegos que, presumivelmente, gozavam de uma ascendência distinta. O seu fundador<br />

foi D. Jaime da Cal, luguês, quem chegara sozinho a Salvador aos 15 anos para trabalhar<br />

como moço de recados e carregador de mercadorias na venda de um parente, tendo passado<br />

uma mocidade de penas e privações. Pôde estudar, formando-se, na Universidade<br />

salvadorense, em Medicina e Direito, embora a sua fortuna gerou-a não o exercício das<br />

profissões para as que se habilitara academicamente senão a agiotagem e a loja de ferragens<br />

em que transformara o armazém de secos e molhados que adquirira do seu parente, quem<br />

decidira regressar a Lugo. O autor comenta que D. Jaime da Cal falava corretamente o<br />

português, “conquanto não houvesse perdido a natureza de um sotaque quase nórdico”<br />

(Araújo, 1987: 16) e que ele, inspirando-se em Emilio Castelar, “cujos discursos relia todas<br />

as noites”, gostava de praticar a oratória, em espanhol, no hospital da Real Sociedad<br />

Española, no qual exercia de médico. A competência no castelhano reforçara-a “graças às<br />

viagens anuais a Madri, que fazia para visitar a família, trânsfuga, em meia geração, da<br />

mediocridade e do tédio galegos” (Araújo, 1987: 15). Sobre a Orden de los Paladines de<br />

Galicia diz o autor:<br />

Entidade que mediante comendas pretendia conferir aos seus pares uns bafejos de hierarquia e<br />

nobreza, a Ordem de los Paladines de Galicia sensibilizara inicialmente um punhado de filhos da<br />

Galícia no exílio, a eles e a outros tantos baianos, a quem a eventualidade de uma tournée de turismo<br />

havia desencaminhado em terras galegas. Daí pouco passou, em vida do Caudilho. A duras penas<br />

conseguiu reunir-se três vezes, a primeira para aprovar o nome e o emblema (os contornos do mapa<br />

da Galícia), a segunda para eleger a diretoria e o dístico, extraído de um verso de Rosalía de Castro, a<br />

poetisa galega: “Galicia, a casa onde nascin”; por consenso escolheu-se grão-mestre da confraria<br />

aquele que a havia concebido, o Dr. da Cal. A derradeira, já de ordem do dia inócua e tediosa, para<br />

tomar conhecimento, durante o expediente, de uma moção de censura do Club de España aos<br />

espanhóis da Bahia que “insistiam em nutrir, nesta hospitaleira cidade, ideais republicanos,<br />

subversivos e proibidos pelas leis das duas Pátrias irmãs”. No documento não se mencionava o mais<br />

notório de todos, don Ramón Fernández y Fernández, nem a sua parceira de resistência, Consuelo<br />

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