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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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que fizera o general do discurso pronunciado por Velo, no Centro Galego 315 . Ainda aos 10<br />

de julho de 1961, mediante a Diretiva n. 5/ 61, Humberto Delgado expressava que não<br />

havia relações entre o MNI e o DRIL e que nem ele mesmo sabia o que era o DRIL. Eis o<br />

fragmento dessa Diretiva em que assinala a sua desconformidade com o DRIL:<br />

Ainda que se reconhecesse como razoável experiência para o combate, restava saber se, depois do<br />

que se passou na Imprensa entre os homens do DRIL, seria aconselhável aproveitar alguns, eivados<br />

315 Devem ter sido poucas as palestras ministradas por Pepe Velo no Centro Galego-Centro Democrático<br />

Espanhol. Só comprovamos a do 20 de março de 1961. Nem Pepe Velo nem seu filho, Victor Velo, chegaram<br />

a se inscrever como sócios em nenhum dos clubes dos imigrantes espanhóis em São Paulo. Nenhum dos<br />

antigos membros do Centro Galego-Centro Democrático Espanhol que entrevistamos assistiu a essa palestra.<br />

Nenhum deles, embora se lembrassem do seqüestro do Santa Maria, disse haver conhecido Pepe Velo ou<br />

algum outro membro do DRIL. Não localizamos, entre os documentos do Democrático arquivados na<br />

Sociedade hispano-brasileira da rua Ouvidor Portugal, alguma referência à operação Compostela ou ao DRIL.<br />

Os dados de que dispomos a respeito dessa intervenção de Velo procedem do parecer que, sobre o DRIL e<br />

Velo, lavrara, em São Paulo, Humberto Delgado no item 10 da sua Diretiva n. 4 de 30 de abril de 1961. Esse<br />

item condensa a desorientação de Delgado em relação ao DRIL e o seu raciocínio para justificar a rejeição do<br />

DRIL por parte do MNI. Reproduzimo-lo a seguir: “10. O M.N.I. – O DRIL E O VELO – Nos dias 2 e 3 de<br />

março p.p., em Campinas, onde estavam instalados os homens do Santa Maria, o espanhol Velo, apopléctico,<br />

em linguagem desbragada e obscena, perante aqueles, referiu-se ao Capitão Galvão. No meio da explosão de<br />

cólera, cuja causa parece ser, em boa dose, o ciúme, referiu-se também ironicamente, a ‘los generales’, o que,<br />

ou só contendia comigo ou abrangia o presidente do conselho do governo espanhol no exílio, um respeitável<br />

setuagenário, bravo, culto e honesto, general aviador Emilio Herrera, pessoa que, ao contrário de Velo, que<br />

também assinava Junqueira Ambia, demonstrou já bravura em acção e não apenas nas palavras. Para pôr a<br />

questão clara, o Velo, escumando, disse que ele e só ele é que mandava no DRIL aqui no Brasil ou em<br />

qualquer parte do mundo. Ficaram, assim, as relações pessoais cortadas entre Velo e Henrique Galvão. Por<br />

outro lado, só então percebi que o M.N.I., por mão de Galvão dentro do DRIL, não era considerado em nível<br />

idêntico ao espanhol. Assim, embora Henrique Galvão, num artigo, me houvesse chamado co-director do<br />

DRIL, de facto o Velo considerava-se, apresentava-se e agia como director geral do DRIL – e único. Daqui<br />

deve derivar a razão por que a Imprensa Internacional, antes do navio aportar ao Recife, tanto me assediou a<br />

perguntar quem era o Prof. ‘Velo’ (ou Belo) que ‘todo lo mandaba’, forçando-me a informar que não conhecia<br />

nenhum ‘Belo’, e que quem mandava, sem dúvida, era o cap. H. Galvão. No discurso feito por Velo, em<br />

20.03.61, no Centro Galego, S. Paulo, ficou bem patente a origem, fundação e primazia espanhola do DRIL.<br />

Além disso, diversas manifestações orais e escritas, têm chegado de Portugal, desaprovando que se<br />

houvessem metido espanhóis na operação de ataque a um barco de tripulação e bandeira portuguesa. Não alijo<br />

a responsabilidade que me caiba, pois que embora em abril de 1960, ao ser-me apresentado o plano por carta<br />

de Galvão, da Venezuela, eu levantasse a questão, acabei por concordar, entre outras razões, dado o ‘sui<br />

generis’ da operação – que não era evidentemente destinada a trazer para o exílio do Brasil, por via marítima,<br />

os 24 componentes do destacamento de assalto ao barco. Bem se sabe que a vinda para o Brasil foi objectivo<br />

que apareceu depois. Convém ainda deixar informação referente ao caso que foi explorado, respeitante às<br />

relações entre os 24. Assim, no dia 2 de março p.p., um português, um espanhol e um venezuelano<br />

procuraram-me dizendo estarem dispostos a acção violenta, que poderia abranger tiros, contra Velo Fernandes<br />

(que usa o nome de Souto Maior) [sic], Rojo, e mais dois do DRIL, que os tratariam mal, além de lhes<br />

negarem dinheiro, a despeito de terem uma mala bem fornecida dele. Tudo isto dá bem idéia do contraste<br />

entre a página escrita no mar e a que se está escrevendo em terra, e é bem terra-a-terra. No entanto, a lição é<br />

de aproveitar, e não prevejo que no próximo futuro se possa aceitar este tipo de tropas mescladas na mesma<br />

pequena unidade de combate. (...) É tempo, pois de se acabar com uma espécie, lendária, de duas Direcções<br />

no M.N.I.; uma política, que seria minha, e outra do tipo operacional militar que pertenceria ao capitão<br />

Galvão. Nada mais errôneo. Qualquer outra operação que venha a montar-se, assentará em bases novas, e<br />

nada indica que eu venha a concordar com quaisquer indicações para me guardar para uma segunda fase, e<br />

não logo para a primeira” (Carvalhal, 1986: 260-62).<br />

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